Se existe o transitório, é que existe o Eterno. Isso lá depois de tudo daqui, passadas as sombras de nós mesmos, transpostas as barreiras do Infinito; o que esperar, pois, da Eternidade?! Pergunta estridente, que fere de dramas as histórias individuais e coletivas desses quadrantes dos milhões de séculos sem fim, amém. O que ali, nos jardins do Éden do eterno, iremos viver, após tantos trens de impacientes e assustados passageiros pelas estações destas vidas... Aonde iremos parar lá certa vez...
Bom, existem as mais diversas concepções quanto ao tema, no
entanto todas vinculadas aos espelhos que as refletem, nós, os figurantes daqui.
Assim qual luz dos tempos que espelham as pessoas e objetos no tabuleiro, a
matriz do Universo desfaz seus enredos às margens do rio do Tempo. Desliza
feitas folhas secas no vento, deixando marcas profundas nos olhos das criaturas
e foge numa fração de mistério quais bichos inigualáveis.
Largados aos céus das almas, vamos fixos na ânsia de
permanecer a todo custo nas vivências, morrer, jamais. As chances disso,
contudo, são mínimas, pois exigem de quem as tanto deseja deixar de lado os
apegos da ilusão e se abandonar à correnteza da inexistência. Enquanto ligados
aos desejos de permanecer neste Chão, apenas restam as ruínas que os séculos
desfazem tão logo em seguida, na cachoeira das eras.
Nisso, o que esperar da Eternidade significa isto de uma fantasia
ausente nas consciências primitivas, carentes da plena realização, da auto
realização, na descoberta do Ser, o salto definitivo da Salvação. Horas a fio
que desafiam de continuar existindo, conquanto desvendem o segredo maior da
presença num espaço até então desconhecido. E transportamos conosco a cura, na
luz íntima da Consciência em desenvolvimento.
Todos, em tropel, clamam face ao desespero de, ali adiante,
desfazer os laços da matéria e mergulhar nos véus do mistério tenebroso.
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