quinta-feira, 29 de julho de 2021

O eu e o mar da realidade


Bem isso, de querer resistir ao indomável, e permanecer no vazio das atitudes perdidas. Pretender determinar o transcorrer dos acontecimentos e haver de aceitar a fragilidade tal razão principal da humana condição. Usufruir da liberdade apenas como imitação do que poderia ser caso houvesse real consciência dos momentos assim vividos. Vagos instrumentos da perfeição, no entanto apenas vítimas dos frutos que tiver plantado. Esses agora feitos de vontade insuficiente de controlar o tempo que escorre pelos sentidos. Entes, pois, largados ali nas calçadas do destino quais pequeninos insetos ao sabor dos ventos e da sorte. Eus, muitos eus, de armas em punho, contudo sujeitos da fragilidade e da justiça eterna. Astutos bonecos artificiais, detentores da dúvida, morrentes criaturas da cachoeira das espécies. Pecados de almas arrependidas, superam a própria insegurança por meio das práticas e dos altares da existência. São eles, os eus, a soma de um eu maior de todos, a circular num caleidoscópio infindável de eras e películas, meros detentores do percurso vida agora e sempre.

Do lado de lá, o império da Lei do Cosmos. Sem tirar, nem botar, uma só vírgula, somos aprendizes de nós mesmos, na caligrafia da pele e do triturar dos ossos. Alvoreceres brilhantes seguidos de intensas epopeias de sonhos, após o que adormecem nos ombros das noites quase iguais. Luzes que se apagam, mais dia, menos dia. Artefatos de vozes e deveres, são cegos em busca do Sol. Máquinas do desespero, fomentam o desencanto nos demais, todavia iludidos nos prazeres da ilusão. A realidade, outrossim, insiste dizer a que objetivo, que a segredar na resistência dos justos.

Nem de longe haverá, então, desânimo perante o desencanto desses alienígenas que tangem aqui suas necessidades de perfeição. Porquanto, vez que tudo persiste na intenção da exatidão matemática do Universo, sustentar esse desejo de acertar fica por conta dos dias, sob o prisma do Eterno, e pronto. 


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