quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Padre Frederico


Quem viveu em Crato nos anos 50 e 60 com certeza conheceu o padre Frederico Nierhoff, sacerdote responsável durante décadas pela paróquia de São Vicente Ferrer, na zona central da cidade. Dotado de espírito empreendedor, fez a reforma da igreja e ampliou o salão paroquial, além de instalar projeto comunitário rural no distrito de Ponta da Serra, na localidade denominada Mata, iniciativa de larga envergadura, deixando marcas profundas de sua liderança religiosa em todo o município.

Pois bem, sobre a personalidade forte do Padre Frederico algumas vivências ficaram registradas na memória do povo cratense. A sinceridade e o senso de humor lhe caracterizavam as atitudes. Homenzarrão de quase dois metros de altura, vozeirão, sotaque a lhe denunciar a origem; natural da Alemanha, viera ao Brasil na época da Segunda Guerra para atuar junto de outros compatriotas que fundaram o Seminário Sagrada Família, situado no sítio Recreio, imediações da zona urbana, prédio depois destinado às instalações do Hospital Manoel de Abreu e agora adquirido pelo governo do Estado para instalar um Centro Cultural. 

Dentre as suas histórias mais pitorescas se pode anotar o caso de um matrimônio da gente dos matos que veio de celebrar. No instante das partes aceitarem o definitivo do compromisso conjugal, a noiva saiu-se com inesperada recusa. Desfizeram com isso o cerimonial que só voltaria a acontecer passado algum tempo.

Da segunda vez, as peças se inverteram. Nessa ocasião quem negou a dizer sim foi o noivo, motivando outro constrangimento às famílias, aos convidados e celebrante. 

Até a terceira data, as coisas demoraram um tanto mais de tempo, porém mesmo assim verificando-se dentro da menos provável expectativa.

Todos a postos, silêncio apreensivo no ápice do ritual. Feitas as clássicas perguntas, suspiro de alívio percorreu o ambiente quando os dois responderem favoravelmente à pergunta do sacerdote. No entanto algo ainda faltava de suceder.

- Pois hoje quem não aceita sou eu - contra-atacou o vigário. - Vão embora que eu não celebro mais esse casamento encruado.   


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