quinta-feira, 5 de novembro de 2020

O valor das nossas conquistas


Naquelas horas de aflição que, de comum, sujeitam aparecer, eis um bom momento de rever o que já aconteceu antes na história. Quantos laços desfeitos, quantas lutas vencidas. Momento ideal de tecer algumas avaliações e fazer o balanço dos tempos idos. Examinar com zelo as firmes razões de ter esperança em dias melhores, isto, sobretudo, quando buscamos plantar boas sementes no chão da realidade. Alimentar a força da certeza de existir um poder superior que a tudo conduz, dentro quanto fora da gente. 

Adotar hábitos desse tipo; estudar o itinerário percorrido até então e aproveitar o melhor em termos de resultados, ainda que diante das ocasiões difíceis. Considerar o tanto que significa o otimismo, a compreensão dos meios de que dispomos no manuseio das nossas existências.
 
Querer um mar em repouso representaria apenas ausência dos desafios necessários ao aproveitamento das experiências vividas. Aprender a coordenar os pensamentos e sentimentos, e aguardar tempos bons, sempre e sempre. Nisso a jornada ganhará os meios de tranquilidade e sustentação de uma vontade firme, isto que os livros religiosos transmitem, na estrutura da Fé, dispositivo por de mais importante nas dificuldades que se apresentem.
 
Mais dia, menos dia, tudo esvairá no silêncio de um passado sem tamanho que deixamos atrás, espécie de poeira que repousa no vazio das imaginações qual jamais tendo existido não fosse a lembrança dele. Alinhadas vaidades, mágoas, alegrias, seremos desertos de nós mesmos a observar o que restou por dentro da gente, testemunhas que somos das longas epopeias. Fieis servidores da sorte, guardamos em nossas cicatrizes os dilemas e agruras de antes, feitos atores de cenas ora inexistentes que o passado transportou ao anonimato da distância.

Conquanto, pois, sejamos rigorosos, exigentes e indócis nas práticas atuais, carecemos de mínima compreensão desse mecanismo que nos transporta vidas adiante feitos meros instrumentos de nossa própria evolução, nas malhas do aperfeiçoamento individual. 

Ilustração: Cristo em meio a uma tempestade no Mar da Galileia, de Rembrandt.

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