Sou um homem que sonhou que era uma borboleta? Ou sou uma borboleta sonhando agora ser um homem? Chuang Tzu
Dos dilemas desta vida, estamos sonhando ou vivemos as consequências dos sonhos? Face a face com nós mesmos em meio da realidade que aparece aos nossos olhos tangemos o rebanho dos dias e noites. Perante as lajes que pisamos e somem aos nossos pés, trituramos em pedaços os momentos feitos almas vivas de sonhos de quem, talvez, nem sabemos quem sonha. Se alegres os sonhos, a realidade fica feliz; no entanto passos novos trazem outros instantes aos quais acendemos outras velas de esperanças.
Nisso, o dilema do monge que sonhou ser
uma borboleta, acordando na dúvida de ser o quê, se homem ou borboleta, e também
que se desfaz em substância nas malhas entre o tempo e o espaço, tecido
infinito do manto que cobre as horas. Assim, entre duas realidades, fincamos
marcos da nossa luz na estrada intermitente dos destinos. Alguns quais pássaros
em voos imaginários sobrevoam o firmamento, plantam sementes de outros sonhos
no coração das criaturas e vivem os sonhos que outros em nós também plantaram.
Pelas janelas desses sonhos, veloz transcorre
a paisagem da nossa consciência, observadores privilegiados de tantos compassos
e melodias. Agarrados, pois, às muralhas dessa nave que o somos, nalgum lugar
firmaremos os mastros das jornadas definitivas. Espécies de cativos e senhores
de si mesmos, louvamos os deuses e o Deus que a tudo conduz, desde lugar daqui ou
distante, a equilibrar masmorras e tronos ao sabor dos invisíveis propósitos.
Há nisto, portanto, a fronteira do sonho
com a realidade, trilho da existência nas existências, caminho único de todos
ao sabor de planos que nem a nós cabem ainda saber, só viver com toda a gana de
nossa vontade, até chegar aos tetos da mais absoluta perfeição.
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