Era a década de 70 e eu vivia em Salvador. Trabalhava na Agência Centro do Banco do Brasil, situada no Comércio, à Avenida Estados Unidos, sendo um dos funcionários da Secretaria da Gerência, ao lado de Artur da Silva Leandro, o Gerente Geral da agência. Atendia no Cheque Ouro, o carro-chefe do banco à época. Quando recebera a carteira de Carlos Barreto Filho, ele me passaria em projeto em andamento, a divulgação do produto junto aos artistas e autoridades baianas, a fim de expandi-lo através dos nomes da cultura e dos principais órgãos administrativos. Daí saía a visitar essas pessoas, quando, então, abria contas e fornecia talionários de cheques, além de explicar os detalhes dessa modalidade bancária em fase de plena expansão.
Face ao ofício, estive com Jorge e James Amado, Emanoel
Araújo, Sante Scaldaferri, Jenner Augusto, Almirante Henning (comandante da
Base Naval de Aratu e depois Ministro da Marinha), Joalbo Carvalho (Presidente
da TeleBahia), Carybé, Kennedy Bahia, Calasans Neto e Floriano Teixeira.
Primeiro, ligava marcando as visitas e, em seguida, comparecia., para, depois,
sempre que precisassem de algo no banco, me procurarem na agência. Nisto fiz
bons amigos.
Trabalhara antes na agência de Brejo Santo, e ao escolher
Salvador, visando uma transferência, já levara comigo o gosto pela cultura
baiana, música e literatura, principalmente por Jorge Amado e João Ubaldo
Ribeiro, autores de minha predileção naquela fase, e por Caetano Veloso,
Gilberto Gil, Maria Bethânia e Gal Costa, bem nos moldes do Tropicalismo,
movimento cultural que galvanizaria uma geração inteira dos anos 60.
Foi época de ricas experiências, sobretudo no campo das
artes e da cultura, de que guardo ricas lembranças e profundas saudades de um
povo alegre, amigo, dotado de inteligência e criatividade. Dos meus filhos,
dois nasceriam em Salvador, Ceci e Ciro, e quando me vêm oportunidade, regresso
com satisfação à Boa Terra, a minha segunda pátria.
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