domingo, 17 de junho de 2018

Ilusão e realidade

Não viemos aqui para aprisionar, / Mas sim para nos entregarmos cada vez mais profundamente à liberdade e alegria./ Não viemos a este mundo extraordinário / Para nos mantermos reféns apartados do Amor.   Hafez

Maya, assim os hindus denominam a ilusão. 

Certa feita presenciei uma palestra do filósofo Huberto Rodhen, nos idos de 1978, em Salvador. Abertas as perguntas, da plateia alguém perguntou: - Se a ilusão não existe, por que nos preocuparmos com ela? De logo veio a resposta do palestrante, de que a ilusão existe, sim. Que se manifesta no mundo físico e causa suas marcas no processo das existências. Se não, o que nos permitiria conhecer a sua presença junto das cogitações humanas? No entanto, ela não tem perenidade, esvai no tempo donde viera, deixando tão só consequência e rastros pelos caminhos dos que lhe sejam vítimas.

Tal qual fogo fátuo, rebrilha nas noites da ignorância dos que carecem da Luz, a fascinar incautos, fantasiar atitudes, demonstrar possibilidades inconsistentes, arrastando consigo almas mil aos laços das fragilidades, do fastio. Nada parece tanto com a verdade quanto a mentira, dizem os sábios. Iscas de perdições, alimentam efeitos e sensações e consome incautos naquilo de mais precioso, em que aqui permanece na intenção de evoluir.

Enquanto a Realidade significa o caminho das transformações, sentido único do aprimoramento dos espíritos mediante empenho e dedicação, fruto da busca incessante da Eternidade. Deus não castiga ninguém. As pessoas saem do caminho e encontram o castigo, este sendo o instrumento de desencanto e de regresso ao sentido da realização do Ser. 

Nisso eis as leis essências da Natureza a que tudo e todos obedecem. Perante a sujeição da ilusão, há limitações temporais, ensejando meios de revelar em si a Consciência. Formas perfeitas desta evolução, nesse claro/escuro das percepções lá um dia descobrimos que o mal é a ausência do Bem. Da desilusão nascerá o vazio a preencher com a libertação das paixões ilusórias. Da escuridão virá a Luz na consciência.


Um comentário:

  1. Não concordo. A ilusão existe e sempre existirá, não tem como ser diferente. A ilusão é o corforto para aquilo que não podemos ter. Quem em algum momento não teve a ilusão, o sonho de ter um amor. Ilusão é o conforto para o coração, para tantos outros sonhos que em nossa vida nos deparamos. Imagine o sonho, a ilusão de abraçar carinhosamente uma pessoa que amamos e sabemos não poder ter? É uma ilusão? É, mais nos faz um bem...é bem verdade que o despertar de um sonho é sempre doído, mas ficam as lembranças da ilusão.

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