quinta-feira, 21 de junho de 2018

Algumas palavras III

Este horizonte de nós mesmos vem a pedir que cheguem as cores da Felicidade. Força descomunal arrasta os acontecimentos aos lugares santos. Ninguém que fuja do determinismo das leis eternas. Ordens e equilíbrio, tudo enquanto, a fixar normas de ação nem sempre reconhecidas de todos, e aceitam pela maioria. Daí a angústia, desesperos e ansiedade que machucam de gestos impensados o gesto e fazem de sofrimento a estrada dos incautos. 

Olhares vagos, pois, no caminho da Eternidade deixam livres sentimentos de leveza que, decerto, lá um dia mostrarão o quanto restava a percorrer. Esquecer a própria existência e sair solto entre os astros do Universo, a braços com a sequência natural de tudo. Largar as amarras que prendiam aos derradeiros meteoritos vagando na gravidade do vento, olhos fixos no término daquilo que jamais terá fim, a ordem dos céus. Ouvidos na música das estrelas, a meio das inspirações que voam absortas no firmamento infinito, e permitir sonhar sonhos de esperança e paz. Luz no coração. Ciência na alma. 

Quantas vezes tantas o desejo intenso de largar os rochedos e abandonar às ondas o furor da liberdade, guardadas saudades, esquecidas as histórias de quando o Sol ainda jazia escuro nas trevas e os barcos a sós deixavam rastros nas notas das canções. Flores. Distantes laços deixados abandonados. Sombras. Luzes.

Nisso, o pórtico aberto dos destinos que aguarda a vontade dos que permitem descobrir a si na forma da obediência. Livres dos caprichos individuais e das atitudes abomináveis, reconhecem nas horas a força que tudo determina. Quedam, assim, nas folhas secas das experiências o fascínio dos acontecimentos e aceitam tudo de bom que lhes espera, à medida do conhecimento adquirido e praticado. Acalmam os penhores da força bruta e aceitam de bom grado desvendar o íntimo perfeito da orientação. Isto sem aflição, fiel e contrito, sono dos justos.

Um comentário:

  1. Tantas vezes tentei virar um crustáceo e viver no mar, quem sabe seria mais feliz. Mas me veio à lembrança de que quando vem a maré quem se arrebenta é o crustáceo nas rochas. O destino nos leva por caminhos que nunca pensamos trilhar... mas dentre estas passagens encontramos muitas surpresas, umas agradáveis outras não tanto , mas é vida que segue. Aceitemos, portanto , o que nos foi reservado, faz parte da nossa caminhada. Então o que nos resta é sonhar. Parabéns pelo texto.

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