sexta-feira, 10 de março de 2017

Quantos dias tem um dia

Na medida dos amantes, um milhão e muito mais. Dos torturados da dor, a Eternidade. Às flores, uma única Primavera. Amor, amores, tem um dia. Nuvens de pássaros em migração, uma temporada. O relógio é o coração. As horas que voam, um vulcão em chamas. Luzes na alma da gente, os dias crepitam de bênçãos as saudades guardadas de tanto, que afloram de vez só nas lágrimas das ausências. Quanta vontade mora no instinto de sobrevivência dos seres que se amam e recebem as graças do Infinito através das batidas dos sentimentos, e deitam, e rolam ao sabor das ondas em praias ilimitadas. 

A fronteira de todos os limites revira dentro da alma e pede calma aos instintos de transformação das pessoas em seres espirituais, às vezes em leitos de agruras mil, no entanto porta aberta ao clarão do Desconhecido iluminado. A doçura das verdades que pairam sobre as marcas do Tempo, contudo cheias de esperança, fé, confiança. Gritos de emoções em madrugadas aflitas, porém marcas de momentos novos, modificações de saber que encontrará quem foi antes, de braços abertos a lhes esperar. Nisso a sinfonia dos dias, crepúsculo das horas, rajadas de instantes a percorrer os corredores dos oceanos internos. 

Quem sente usufrui dessa percepção das lides espirituais, porquanto andam noutras paragens além da percepção pura e simples dos sentidos carnais. Vê de dentro o mecanismo da certeza nos sonhos posteriores quando tudo daqui houver seguido o prumo da fumaça e do pó. Admite como existência os valores da imortalidade e tranquiliza os que apenas aceitam perder para sempre os momentos em queda livre. Aprecia a virtude tal oportunidade que produzirá esse direito de olhar além dos objetos e, com isso, vencer a angústia, o desespero, o absurdo. Anota perante o transcurso dos dias a qualidade eterna da alegria entranhada nos mínimos detalhes de existir como poder de revelação do Ser presente em todos nós.

(Ilustração: Vicent Van Gogh). 




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