sexta-feira, 31 de março de 2017

Um milagre do Padre Cícero

Seu Chico (Francisco Pereira da Silva), natural de Monte Horebe, na Paraíba, que chegou ao Cariri ainda criança, nos idos de 1944, e com ele trabalhei na Empresa Gráfica Ltda., em Crato. E dia desses, me contou a história seguinte, que tempos atrás presenciou em Juazeiro do Norte.

Morava na Rua Santa Rosa. Logo abaixo, na mesma rua, moravam dois senhores, Zé Ferreira e outro do qual não recorda o nome. Os dois tinham sérias dificuldades de relacionamento. 
Certo dia, o filho desse senhor entrou na casa de Zé Ferreira e fez desmandos, quebrando e espalhando objetos. A mulher de Zé, então, saiu e foi dar parte no Quartel da Polícia, no centro da cidade, onde encontrou o marido e contou o ocorrido.

Zé Ferreira retornou em casa, pegou um pedaço de madeira fornida, veio ao meio da rua e gritava impropérios desafiando o vizinho de quem o filho praticara as badernas. E Seu Chico, de onde estava, observava aquilo tudo.

Nisso, o homem se apresenta de dentro da casa com uma das mãos escondida atrás do corpo. Invés dele vir com a faca pra frente, vinha por trás, para Zé não saber o que ele trazia, pois estava armado.

Ao chegar no meio da rua, quando Zé Ferreira levantou o pau para atingi-lo; naquela hora o velho tratou de lhe feriu de peixeira à altura do umbigo. Na ocasião, embora ferido, Zé obteve tomar a arma do desafeto, e ficou com o pedaço de pau numa mão e a faca na outra. De pronto daria pancada vigorosa no velho, que caiu de quatro bem na sua frente. Sem alternativas, entregue, foi quando ouvi ele gritar:

- Valei-me, meu Padre Cícero!   

Nessa hora, e isso é que achei incrível, Zé, com o pau e a faca nas mãos, sangrando, olhar o velho, que pra matar bastava uma cacetada e aí parar, dar meia volta e subir pela rua. Quando chegava na frente de minha casa, soltou o pau, dobrou a esquina, direção da Rua São José, e ao chegar no meio do quarteirão caiu.

Isto é que impressiona Seu Chico. Diante do calor da refrega, transido
pelo ferimento de que fora vítima, Zé Ferreira haver dominado o instinto de vingança perante o brado desesperado a clamar valimento, o que Seu Chico considera um verdadeiro milagre de Cícero Romão Batista.

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