Em certa ocasião, o pintor grego Apeles expunha suas pinturas, quando delas se aproximou um sapateiro, a observar detalhes mínimos de cada tela. Numa dessas, viu defeitos ligados ao que conhecia através da profissão de sapateiro. Notou que as sandálias de um dos modelos retratados apresentavam deficiências só percebidas por quem conhecesse de perto a arte de confeccioná-las.
Havia defeitos quanto às proporções de tiras e fivelas, fácil de reconhecer por quem, qual aquele sapateiro, dominasse o ofício do couro. E comentou, mostrando diante dos presentes aspectos deficientes, o que também escutara o autor da obra. Colocava assim uma série de impropriedades nas sandálias pintadas num dos quadros.
Reconhecendo o acerto das críticas, à noite mesmo Apeles voltou ao local dos quadros e tratou de corrigir as falhas consideradas pelo homem. Com zelo, retocou as pinturas, expostas também no dia seguinte.
Ao observar agora que o artista refizera a obra por conta do que dissera, o sapateiro restou eufórico, satisfeito de haver acrescentado sua opinião aos trabalhos. Nisso, de bola cheia, prosseguiu analisando os quadros e foi achando outros detalhes que, na sua visão, poderiam ser modificados, pois lhe desagradavam. Fisionomias, proporções, cores, etc.
Resultado: Apeles cresceu nos cascos e desconsiderou as outras manifestações do sapateiro, vindo daí um brocardo ainda hoje citado nas situações semelhantes, e foi taxativo:
- Não suba o sapateiro além das suas sandálias. (Que ninguém queira dar palpite naquilo de que não conhece...).
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