Uns passaram a engordar além da conta, ao ponto de ter de refazer as camas, as cadeiras, para lhes aguentar o peso; insatisfeitos com tamanhos cuidados, reclamavam de tudo, do gosto dos alimentos aos lugares de viver.
Já não muito longe, os doidos eram um pouco diferentes. Eles ali queriam também muda o mundo, porém reclamando por mais fortuna, mais posses imensas que os pudessem elevar nos ares e tocar as estrelas. Dormiam isolados, cheios de pesadelos de fome e pobreza, desbulhando lágrimas de crocodilos de ainda precisar juntar muito até alimentar o poder além dos demais da conta.
Andasse em frente, ao passar a cerca que encontrava com o rio em tempos de cheia, morava aquele senhora cercada de animais exóticos, ansiando dominar o mundo através das manadas e manadas de bichos que mandava trazer da outra banda do chão. Queria chefiar a qualquer custo, acima de tudo e de todos. Determinar as condições das chuvas, dos ventos; das luas, dos sóis. Houvesse gente impaciente diante das vozes da madrugada, estava bem na sua frente.
E ele insistindo transformar aquelas pessoas; mostrar meios de equilíbrio das doses oferecidas nos quadrantes de tempo de cada um deles. Entretanto, acalma daqui, revira dali, esfria dacolá, e nunca obteve maior resultado nos esforços dispendidos. Via esperança, e não via, no entanto. Dizia que existem alternativas de cura e que o tempo é o senhor da razão, qual dissera Felipe Camarão, contudo os vizinhos, nem, nem, nada de conformação ou mudança substancial na existência diária.
Sabe o que se deu? Sim, mas que tem que responder sou eu que estou contando a história. Sabe o que se deu? Ele, o vizinho interessado em mudar o mundo, num dia acordou curado, esquecido de querer mudar as pessoas e o mundo em consequência. Se não acalmou vizinhos ensandecidos, acalmou a si próprio. Descobri, enfim, ser o doido a menos que enquanto isto pretendera. Enfim...
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