Bem Bem era o jeito com que chamavam Benebien, um ancestral da família Linhares, de cuja descendência procedem João Gomes de Matos, o Dr. Ribamar Cortez, que foi promotor em Crato, e Dr. José Ulisses, filho de uma trineta dele; e tantos outros da região do Cariri.
Foi estudar medicina no Recife, e lá também estudou música e aprendeu a tocar piano muito bem. Na capital de Pernambuco, uma filha de família nobre, sua colega, quis que lhe desse aulas de música. Nisso, surgiu relacionamento mais estreito, e tiveram um caso amoroso.
Quando o pai descobriu o relacionamento, Bem Bem teve que fugir às pressas do Recife no rumo de Exu, indo viver na Fazenda Maniçoba.
Ficou recluso nos matos; deixou crescer a barba, o cabelo; e ficou morando com um grande proprietário amigo do pai de Bárbara de Alencar, Luiz Pereira de Alencar.
Lá, certa vez, chegou um pessoal de fora na residência procurando o Seu Bem Bem, e ele começou a indagar desses estranhos qual o sentido daquela viagem. Os homens terminaram confessando que tinham ido à procura de Bem Bem, para matar, porque bulira com a filha de uma família importante e tinha que pagar por isso.
Então, ele chamou o pessoal a conversar. Assunto vai, assunto vem, terminou pagando o dobro do que eles iam receber, e podiam dizer que Bem Bem morrera, que nunca iria mais a Recife, e ninguém nunca ia saber disso. Assim Bem Bem continuou vivo no interior, onde constituiu numerosa família.
Naquela hora, ele argumentou demoradamente com os pretensos vingadores: Esse homem é uma pessoa tão boa... Auxilia os humildes. É amigo de todos. Que, inclusive, era amigo dele. Etc e tal. Era o pai da pobreza do sertão. Era quem resolvia tudo nas épocas de seca, dando de comer ao povo necessitado.
Com isso, os viajantes também ficaram impressionados com a fama de Bem Bem, e resolveram receber o dinheiro mais fácil e voltar a Recife, e dizer que Bem Bem fora, sim, eliminado conforme previsto.
Obs.: História que ouvi de Enrile Pinheiro, em Crato.
Não conhecia este seu texto. Interessante. A região do Caririaçuense é muito rica em fatos e estórias reais e folclóricas. Muito curiosa. Se bem que nestes anos eram comuns pessoas com este perfil. Um carinho abraço Emerso Monteiro.
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