E outros consideram saudosos os idos históricos da fase em que um fio de bigode servia de garantia aos negócios entre os sertanejos.
Ó tempos, ó costumes!, falavam de boca cheia os romanos para avaliar o desgaste da moral no decorrer da história.
Fica-se, no entanto, a perguntar: por onde anda o sentido austero da sociedade no que diz respeito ao cuidado com a palavra, não só nos negócios, porém no decorrer da vida em grupo, devido à ausência de critérios e firmeza nas atitudes e nos gestos que alimentam o cotidiano?!
Isso porque nem a confusão entre os termos ética e moral, que atravessa os séculos das academias, é capaz de explicar os motivos do desgaste imenso de hoje em dia, dando à austeridade lugar de pura ficção.
Raros sobreviventes da primeira metade do século XX transmitem essa notícia de que o sertanejo primava pela honra e elevava aos céus bons predicados da moral, observados, contudo, se viver período escuro, de bandoleiros e volantes, antes até da Revolução de 30, os quais amargavam de medo os interiores do Nordeste com práticas desleais e selvagens.
Havia o homem cordial, pai de família modelo de virtude, dotado de um código ético irreparável, fruto das reservas mais esclarecidas, proveniente da formação dos ancestrais a cumprir a função de mostrar normas fiéis. A marca típica desses senhores de sítios e fazendas norteava um prazer original de boa convivência a que ninguém aceitava desacreditar, qual fosse marca de campanha vitoriosa de vida.
Houvesse outros defeitos, entretanto a palavra sobreviveria para mostrar o quanto vale dizer e sustentar o que se diz.
Passado menos de cem anos e se busca aonde sumiu o prestígio da fala nas crônicas caboclas. Em que madrugada o perfil dos cidadãos abandonou o prestígio e deixou que a complacência enovelasse de pó o caráter antigo da natural equidade.
As conseqüências dessa transformação geram a imensidade dos papéis que amarelam no fundo das gavetas, nos bancos e tribunais, a profissionalizar ofícios que antes nem inexistiam. O estado de direito cobra o preço da revelação de personalidade sinistra, a muitos chamada de globalização, afastando para longe os modos prudentes da valentia do caráter inatacável dos matutos.
Quer-se, outrossim, imaginar que nada justifica a incapacidade humana ao justo, ao honesto e ao correto, valores distantes dos caminhos que percorrem ações do momento presente, nos vários campos da vida pública.
(Foto: Jackson Bola Bantim).
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