segunda-feira, 27 de novembro de 2023

Pelas ruas da cidade


Final da manhã, quando o dia chega ao furor do meio-dia e as sombras ficam menores, nas estreitas calçadas do Centro. Nisso, as pessoas começam a rarear nos afazeres de compras ou doutros compromissos. Os vendedores ainda saem às portas das óticas, a oferecer consultas de óculos e distribuir seus prospectos de venda. Quanto a isso, nunca se viu tantas óticas e farmácias do tanto de hoje em dia, um afã de gente a buscá-las à procura da saúde, talvez face aos excessos visuais dos chamamentos dagora, dos celulares, das televisões, da soalheira dos verões. E carros, muitos carros e motos espalhados pelas ruas e estacionamentos, em movimento desses tempos das distâncias e dos afazeres apressados. A constante busca das alternativas de vida, as profissões urbanas da fase acelerada, dos chamamentos os mais diversos, pendores e carências.

Enquanto as gerações caminham nesse mercado persa, alguns, raros, dão de cara com outros de algum passado da memória e relembram momentos da mesma história da cidade, réstias largadas aos dias. Lá surge alguém, passados que foram anos, décadas, quais aparições inesperadas. Gestos de alegria de revê-los. Mostram alguma surpresa e um silêncio cuidadoso, depositado no íntimo, que vem aos olhos no instante; marcas já lhes assinalam a fisionomia de olhos fundos e cabelos grisalhos, porém fortes na resistência de chegar até agora e depois, no cruzar das estações, e seguirem firmes nos propósitos reunidos vidas adiante.

As lojas são quais esses estoques expostos numa grande feira, a cidade, confecções, material de construção, cartórios, artesanatos, produtos naturais, bolsas, calçados, perfumaria, eletrodomésticos, telefônicas, escritórios, variedades, bancas de frutas, verduras, novas lojas em edificações antigas, ferragens, produtos agropecuários, manipulados, supermercados, bancos, papelarias, copiadoras, lanchonetes, lotéricas, oficinas de computadores, de eletrônicos, espécie de burburinho que resolve tomar de conta do espaço e do tempo num único território. Eles, os centros urbanos de então, feira de variedades intensas, sustento e tradição da fase atual das civilizações, em rápido instantâneo..

(Ilustração: Rua do Crato CE (blogcariri.com.br).

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