terça-feira, 27 de junho de 2023

Entre a cera e o pavio


Mãos trançadas, agarradas, nutrem de sonho bom as jogadas geniais, no tabuleiro dos destinos. O terno desejo dos encontros das pessoas conduz esse barco através dos oceanos profundos do tempo, na permanente busca de parceiros que formarão casas, e os que delas nascerem e nelas habitarão saberem dos filhos posteriores. Espécie reverente de bailado harmonioso das abelhas em volta das colmeias, egoísmos e amores, desejos e sentimentos.

No começo, são as flores, perfumadas flores. Dois intransitivos rompem o cimento áspero, nos laços formados na cadeia do acaso, e mergulham de cabeça no confronto de dentro das novas gerações a virem. Outros, outros, outros até, deixaram o enredo coletivo das evoluções e se reduzem às equações jogadas nos calabouços, mosteiros e conventos, para, com isso, chegar à praça da apoteose dos céus. Vozes gerais, contudo, querer juntar os elementos e criar os clãs numerosos, vezes outras.

Há estudos aprofundados, realizados nos grandes centros, que dizem ser a mulher quem move o mundo. A beleza feminina, regente da orquestra das raças e dos amores, quais lindas luzes acesas, iluminadas de satisfação e alegria próximas às laterais do campo, blocos avassaladores de colombinas e odaliscas em roupas extravagantes.

Um vilão costuma, no entanto, entrar no jogo e alterar, com suas garras afiadas, o andamento saboroso das cenas, e injeta cizânia às relações, dúvidas e tons cinzentos ao cenário transcendental dos momentos indóceis dos corpos suados, apegados, rolados nas barras dos tribunais. O famigerado egoísmo, torpe propagandista da matéria em estado bruto; invade as noites platinadas e desafina os instrumentos; arrasa palco, expulsa público, escurece os camarins, rasga pautas e poltronas; e acrescenta versões sensacionalistas ao setor da normalidade açucarada.

Mas o amor ainda e sempre seguira intacto, guardado debaixo das sete capas dos humanos corações, no mais íntimo sacrário do mistério. Matizes dourados esconderam o fator principal das luas enamoradas; bem subterrâneas paixões viraram agora traços definitivos, diante dos impossíveis métodos de tonalidades que pareciam reverter a expectativa dos numerosos apaixonados. E eles sobrevivem nas ondas azuis da madrugada. Contar isso, os termos e alentos de suspiros ainda quentes, mergulha nas entranhas os pensamentos imaginosos do atual cinema nacional, e leva mais longe a roda dos destinos que resistam a preço de glórias inesquecíveis.

Alguma qualidade nova dos humanos, portanto, justificará essa resistência infinita da fibra dos amantes a toda corrente contrária, nas corredeiras dos romances medievais da Eternidade. Sei, sim, que, antes do final, o mocinho viverá fora do corpo de carne, resumo da história dessa luta entre o ego e o Eu, astronautas valentes dos choques da consciência.

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