segunda-feira, 22 de maio de 2023

No estômago da baleia


Poucas vezes deveria ter antes pensado de querer fugir do compromisso da profecia que recebera, nem sabia de que jeito ou finalidade. No entanto Jonas duvidou sobejamente, e quis fugir, desviar da missão que merecera. Resultado disso, hoje é rotina conhecer, que não saber é como quem não ver, ou não quer ver. Embarcara no primeiro navio mercante que achou parado ali no porto e sumiu goela adentro do mar sem fim, até chegar ao estômago de uma baleia faminta. Nisso, pego de surpresa a imaginar o que passaria na sua cabeça, aí correu aonde que fosse e não havia mais saída. Restou no íntimo daquele animal espaçoso, jogando pelas ondas do alto mar feito um trambolho qualquer a bordo de quem quer que viesse de ser, senão uma baleia enorme que resolvera a questão. Ele imaginara tudo, menos aquilo. Faminto de desejos e alternativas, e sujeito aos ditames da sorte errante do animal. Apenas um dentre tantos que assim procedem, de buscar meios de peregrinar pelo mundo sem endereço certo ou visão de imediato. Querer não quis, contudo o tal mamífero dos mares achou de engolir o profeta e vadiar com ele dias e dias no sentido de Nínive, que lhes aguardava desde sempre. O povo ficara ciente da vinda de Jonas e restou, pois, à baleia encontrá-lo vagando nos confins do oceano quais tantos desses entes rarefeitos que aventuram de mascara a sina, e viver outras ideias que não sejam a principal do papel que recebeu pelas mãos do Destino. E buscar outras aventuras ao bel prazer, desfazer as previsões do significado original. Mas seria ele mesmo o escolhido daquele povo em pé de guerra com os sentimentos bons, vadiando noutras ondas, noutros estilos de vida sem objetividade e previsão.

Bom, passados que foram aqueles quantos dias, três dias e três noites que pareceram séculos, talvez, e Jonas fora lançado às praias da cidade, desfeitos seus planos de criar outra finalidade na vida, que coube a ele cumprir nos ditames do Criador.

(Ilustração: Interadus (https://interadus.blogspot.com/2015/12/moby-dicky-fantastica-historia-da.html)

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