quinta-feira, 4 de maio de 2023

Mitos e lendas


Ali quando as falas só reais não conseguem mais dizer do que pretendem, assim surgem lendas, mitos, as histórias cobertas pelo manto da fantasia imaginativa. Certa feita, numa entrevista a uma emissora do seu país, Joseph Cambell, autor americano por demais votado aos estudos mitológicos, o repórter considerou que mitologia seria metáfora, e metáfora foge dos padrões da verdade. Ao que Cambell contestou severamente, afirmando que existe uma linguagem além da linguagem externa, única considera real. Essa advém do íntimo das pessoas, do seu Inconsciente, a figurar de um modo novo aquilo que não pudesse ser expresso na letra fria e comum das narrativas humanas.

É o que Goethe disse no Fausto, mas que Lucas expressou em linguagem moderna – a mensagem de que a tecnologia não vai nos salvar. Nossos computadores, nossas ferramentas, nossas máquinas não são suficientes. Temos que confiar em nossa intuição, em nosso verdadeiro ser. Joseph Cambell

Deixa claro entrever o poder que têm as histórias da grande literatura, a revelar aspectos outros da consciência até então restritos à impossibilidade da fala rude. Resgata a perspectiva de novas compreensões do que seja o  mistério vivo das existências, sendo observado nesse processo de comunicação transcrito nas tantas religiões, seus registros e rituais, epopeias e acontecimentos que as circundam, por exemplo de mito clássico.

A própria narrativa jornalĺstica da história deixa larga margem à interpretação subjetiva dos eventos, desde suas escolhas, prioridades, intenções, sempre visando um sentido apenas individual. Uma gama devastadora de detalhes permanece intocada, ou nunca vista, conquanto o objetivo do que se levaria em conta na importância dessas abordagens. A literatura, a sua vez, mergulha noutras aspectos do inconsciente coletivo, a permitir viagens inolvidáveis a mundos outros que não a pura rotina e o caos em movimento.

Daí, nessa linguagem cifrada dos voos da imaginação trazidos pelas lendas e mitos, sobrevém um entrelaçamento com outros valores e sonhos, qual diz a sabedoria da Roma antiga: Os fados guiam àquele que assim o deseje; aquele que não o deseja, eles arrastam.

(Ilustração: Deuses gregos (https://aventurasnahistoria.uol.com.br).

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