quarta-feira, 11 de maio de 2022

Uma embriaguez coletiva e as redes sociais


Já ouvi que tempo de guerra é tempo de boatos sem conta. Isso nesta hora a mim me parece semelhante. Cada usuário passou a ser uma fonte de notícias. Ninguém quer ficar por baixo e tomem versões, desencontradas ou não, do cotidiano em jogo. Sei mesmo que quase chegamos a um tempo da casa do sem jeito em matéria de notícias bem concatenadas, porquanto a todos foi dado o poder de emitir seus boletins diários numa velocidade cibernética, graças ao avanço imediato da tecnologia. De todos os lados vêm páginas e acontecidos, sempre a corresponder no gosto de quem os administra, espécie de revelação de profissionais da comunicação numa concorrência surda aos anteriores ocupantes das faixas, das colunas e dos canais, febre de revelações jamais vista no âmbito do jornalismo, desde quando surgiram as páginas impressas, agora virtuais. Ninguém que cheque as fontes, qual dizíamos nos passados ainda próximos das redações coletivas.

Quer-se crer mesmo serem sinais dos tempos, de avalanches de apropriação desencontrada dos meios de massa da informação. Órgãos de elevada credibilidade e tradição hoje viraram meros tabloides informáticos, sob a igual concorrência dos emergentes individuais e só há pouco conhecidos. Raros ainda mantêm edições impressas, com retiradas das ruas, bancas, alamedas, e desaguando apenas no salve-se quem puder da mídia contemporânea instantânea dos computadores e celulares (computadores de bolso).

Ao lado disso tudo, o que eram notícias bem investigadas sob o crivo dos jornalistas de plantão ou pesquisadores fervorosos, às vistas dos chefes de redação, virou meros arremedos. A depender dos interesses em jogo, o próprio direito de opinião atual disputa com o passado em jogo. Os custos dos recursos e a distância das bases saturam tribunais e escritórios advocatícios.

A origem noticiosa trocou, pois, de lugar com a paixão desenfreada dos autores das notícias, o que, decerto, dificultará sobremaneira, mais do  que antes, a narrativa histórica deste ciclo de tanta guerra de critérios e pecados à Ética e aos reais valores na busca dos caminhos conscientes da Humanidade.

(Ilustração: R7 Internacional).

2 comentários:

  1. Pensava eu que após a segunda guerra mundial, ficassem lições e o mundo repensasse suas atitudes, e os interesses pelo poder levasse em conta o tamanho da miséria e sofrimento causado a humanidade. Parabéns pelas suas abordagens, sempre atuais.🌹

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