segunda-feira, 30 de maio de 2022

Há sim poesia na existência

Meras tardes do que se foi pelas horas menos previstas. Ruas de ladeiras que descem às sombras de nós mesmos quais veias do infinito da alma. Elas que realimentam de desejo o sol das consciências e somem quais crianças levadas que esqueceram a que vieram, e foram a gargalhar. Depois, essas dúvidas que acumularam nas raízes do coração e insistem produzir novas sementes. Sonhos, os sóis que nos resolvem lá por dentro e aguardam reações inesperadas todo momento. Um nós que voa às estrelas e traz de volta novas certezas e indagações de viver, doces repastos da presença em forma de criaturas errantes, cabeças pensantes. Pequenos seres assim livres, leves, que desfilam aos olhos dos dias na busca de, num tempo qualquer, achar a si nas curvas sombrias das longas jornadas nesse universo que esconde suas respostas. Esses antigos sinais de que guardamos bem pouco e que significam tudo, pedaços da gente grudados nas árvores que já foram embora deixando apenas o perfume de suas flores e a saudade no canto dos pássaros que insistem dizer no silêncio das manhãs ensolaradas. Milênios que formam as muralhas donde gritaram as gerações adormecidas. Sobras do repasto dos dias largadas nas estradas do firmamento. Luzes insistentes na fogueira acesa dos sentimentos a dizer as falas desse instante. Perfume dourado das entranhas que movimentam o sentido das histórias aqui contadas pelas nuvens dos pensamentos. Todos, filhos do mistério nas lâminas vivas da realização do ser durante as jornadas do invisível bizarro. Tais múltiplos jornais que incendiavam o mundo, agora dormem a sono solto no fulgor das gerações esquecidas. Estes seres exóticos que pensam e desconhecem os motivos de todos os sons, bruxos de outras dimensões que ainda persistem nesta fome de viver para sempre. Nós, pois, os heróis da ausência no íntimo de revelar aquilo que nem conhece o que seja. Nós... 

Um comentário:

  1. Como não , a forma de abordagem sobre o entardecer nas ladeiras, o canto dos pássaros recolhendo-se aos seus ninhos, não poderia haver expressão maior e pura poesia, onde temos a sensação de estarmos inseridos naquele contexto. Belo texto, parabéns ! 🌼

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