sábado, 23 de abril de 2022

Esses deuses que somos nós


Sois deuses e não o sabeis
. Jesus-Cristo

Em quais dimensões ser isto, deus que somos, eis a equação das existências. Disso falam todos que buscam desvendar o mistério de viver. Uns indicam caminhos, outros exemplificam o jeito de ser. Assim descemos neste rio de continuar rumo ao desconhecido. A cada indivíduo, portanto, cabe responder ao enigma que grita dentro de si com a igual intensidade. Tocamos as paredes da caverna tais cegos no escuro dessa missão de avisar a nós mesmos onde fica o mar. Divagamos pelas humanas contrições e padecemos a síndrome da busca, num afã de dor por vezes mascarado nas ilusões incontidas. Isto é, enganamo-nos de embriaguez com as próprias nuvens que passam quais também passamos.

Luas e luas, fustigamos a sorte em toques alucinados de resolver o que por ele já se acha definido desde sempre que existirá vida. Meros espectros de sonhos imaginários, viajamos nas abas do destino apegados nas formas e objetos, pensamentos e sentimentos, sem, contudo, abrir mão dos blocos de granito das horas que se desfazem. Elas escoam pelo Infinito e ficamos a observar o eco das saudades que repercutem no coração da gente, folhas secas de outras estações adormecidas.

Enquanto isso, nunca deixaremos de ser esses deuses sem o sabermos. Atravessamos o rio da morte quais visagens que sofrem de não conhecer o que existirá logo ali adiante, no transe da imortalidade. Ainda desse modo persistimos tontos de continuar pela Eternidade, a ignorância que apreciamos e que irá a lugar algum. Disso nascem e morrem as crostas que deixamos largadas nos sóis de que viemos. Doces pássaros dessas novas madrugadas, de novo regressaremos ao mesmo ofício de achar, certa feita, o tesouro da luminosa certeza que abandonamos pelas plataformas da ficção. Durante todo tempo, Ele esteve juntinho de nós e não tivemos consciência de reconhecer, isto por Ele somos nós e nós é Ele que o somos.

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