Quantas vezes cresce na gente uma vontade extrema de
compreender o tempo, contudo quase nada significa o tal desejo ardente diante
da pressa dos acontecimentos que passam em velocidade exponencial. Correr sem conta
e ter aonde ir. Olhar no horizonte das pessoas e notar o quanto de parecença
umas com as outras nesse êxtase individual de riqueza, fama e prazer. Tantos, na
pressa de continuar qualquer que seja. Vêm os pretextos de fazer algo que preencha
a necessidade das satisfações de estar aqui. Todos, sem exceção, analisam em
volta o movimento das estruturas em flagrante decomposição e trabalham um modo
de acalmar os ânimos, de esconder de si o que quase nada reconhece de real, tão
só o instinto de sobreviver, mergulhar nos dias feitos seres desconhecidos até
então, que estejam de junto e que também esperam as respostas que circulam no
ar.
Quando menos esperam, porém, as notícias rasgam o silêncio e
constroem pensamentos de lógica, edifícios de sustentação do impulso de viver,
conquanto lá numa ocasião dessas venha à tona o motivo de caminhar. Assim
também com relação a tudo o mais, as amizades, as possibilidades, os impasses,
as contradições, os excessos e as preocupações. Testemunhas, pois, da própria
ausência de conhecimento, no entanto vagueiam num faz de conta quase agressivo
de deixar que tudo aconteça, livre da presença dos que se foram e deixaram atrás
deles as lembranças de tantas dúvidas quantas as que agora persistem. Saudades
ambulantes, tontas de paixão, arrastam o destino pelos desertos da solidão.
E o movimento dos astros lança fagulhas no escuro da
imensidão, espécie de chamamento a outras dimensões as quais nem de longe
podemos, de sorte, agora percorrer. São horas de esperança que envolvem de
cores o aço que recobre as promessas de Luz.
Lindíssimo texto, Emerson!
ResponderExcluirSua palavra é um Dom!