quarta-feira, 4 de agosto de 2021

Algumas notas dos tempos atuais


Quantas vezes cresce na gente uma vontade extrema de compreender o tempo, contudo quase nada significa o tal desejo ardente diante da pressa dos acontecimentos que passam em velocidade exponencial. Correr sem conta e ter aonde ir. Olhar no horizonte das pessoas e notar o quanto de parecença umas com as outras nesse êxtase individual de riqueza, fama e prazer. Tantos, na pressa de continuar qualquer que seja. Vêm os pretextos de fazer algo que preencha a necessidade das satisfações de estar aqui. Todos, sem exceção, analisam em volta o movimento das estruturas em flagrante decomposição e trabalham um modo de acalmar os ânimos, de esconder de si o que quase nada reconhece de real, tão só o instinto de sobreviver, mergulhar nos dias feitos seres desconhecidos até então, que estejam de junto e que também esperam as respostas que circulam no ar.

Quando menos esperam, porém, as notícias rasgam o silêncio e constroem pensamentos de lógica, edifícios de sustentação do impulso de viver, conquanto lá numa ocasião dessas venha à tona o motivo de caminhar. Assim também com relação a tudo o mais, as amizades, as possibilidades, os impasses, as contradições, os excessos e as preocupações. Testemunhas, pois, da própria ausência de conhecimento, no entanto vagueiam num faz de conta quase agressivo de deixar que tudo aconteça, livre da presença dos que se foram e deixaram atrás deles as lembranças de tantas dúvidas quantas as que agora persistem. Saudades ambulantes, tontas de paixão, arrastam o destino pelos desertos da solidão.

E o movimento dos astros lança fagulhas no escuro da imensidão, espécie de chamamento a outras dimensões as quais nem de longe podemos, de sorte, agora percorrer. São horas de esperança que envolvem de cores o aço que recobre as promessas de Luz.


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