segunda-feira, 15 de junho de 2020

Os tempos pandêmicos e a crise social

São tantas opiniões, tantos pontos de vista espalhados pelas ruínas da mídia, das redes sociais, dos isolamentos, enquanto segue adiante o animal que acha que pensa a espalhar notícias precárias mundo a fora. Séculos e milênios passaram até chegar neste ponto exato da angústia coletiva e trazer de volta a busca de equilibrar nos pratos as desigualdades atávicas, de fera contra fera, sonhos e pesadelos; pesadelos e sonhos.

Quanto aos diagnósticos dos estudiosos, leis determinantes regem o sistema social. Riqueza. Trabalho. Luta de classes. Domínio dos mais fortes sobre os menos aquinhoados da fortuna. Que a organização política seria solução do quanto de injustiça ou desequilíbrio existe por conta do domínio dessas maiorias que detém a força e acumulam bens.

Hoje, diante da ameaça à sobrevivência física dos habitantes da Terra, face o aparecimento de vírus letal que se espalha pelos continentes, agrava-se a crise da sociedade humana, sobremodo em países mais vulneráveis por serem de extrema riqueza ou de extrema pobreza. Vê-se retornar limitações aos direitos comuns até naqueles ditos hegemônicos. Aflição inesperada, o racismo retorna em níveis preocupantes, acompanhado de explosões dos grupos sob a bandeira de furiosa indignação, a desmascarar de vez o atraso dos povos.

Décadas de aparentes conquistas regressaram à estaca zero em lugares aparentemente organizados, bem situados em cenários globais. Quais varridos por vendaval de inconsciência crítica, os detentores do comando veem o quanto frágeis resultaram as instituições mantidas a peso de ouro pelo sistema econômico.

Numa espécie de guerra sem quartel, a massa humana sai às ruas na procura dos valores até então mantidos sob a ótica de administração pública de altos custos, transformada agora nos vilões a céu aberto, sem chances de provar o contrário. Eis fase da história que se assemelha aos idos da década de 60 do século passado, quando a juventude liderava luta insana de tudo ou nada, febris desertores dos paraísos artificiais da sociedade de consumo.

E depois de tudo ainda ser feliz neste globo tão pequeno.

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