quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Autoestima irreverente

Aparentemente simples, no entanto esse sentimento exige humildade. A gente vive um contexto atual de tanta competição; riquezas desfilando nas cidades e vilas em naves fulgurantes; pessoas bonitas apresentadas nas telas de tevê qual saídas de ateliês mágicos direto dos braços da deusa Primavera; cifras bilionárias divulgadas na mídia, pertencentes a donos privilegiados de países fartos; construções faraônicas espalhadas ao vento das notícias; bailes encantadores de casais acima do solo; o que precisa de relativa humildade a fim de adotar as limitações naturais dos pequenos seres que restamos ingratos.

Contudo é preciso acreditar que se possui o mínimo de glamour, alimentar pingos de felicidade na constância das fraquezas dos tempos bicudos.

Gostar do próprio cheiro, por exemplo, reclama paciência quando as prateleiras dos shoppings oferecem dezenas de marcas dos desodorantes em perfumaria inigualável que rebrilha nas estantes, à espera de mãos apressadas que queiram abafar o quanto antes aquele tradicional odor de bicho selvagem dos humanos.

Nisso, a velocidade das máquinas de chegar, na intenção de mudar o rumo dos acontecimentos individuais, mostram tantos meios de transformar a vida monótona em particulares sabores sofisticados, nas casas de pasto e seus cardápios maravilhosos.

Amar a si mesmo, sem ser egoísta; possuir autoestima e apreciar o si mesmo sem fugir das condições naturais da existência; aceitar as fragmentações do espaço nos infinitos pedaços de insatisfação que fomentam o lucro acelerado. Descobrir mistério no olhar de dentro do sonho e poder praticar ensinos que a história ensina, passo a passo, livre de hipocrisia galopante. Domar o desejo de reformar só a fisionomia qual quem deseja nova personalidade ao repintar a casa, e sofre por isso.

Gostar de si e praticar, no dia a dia, o prato cheio das imperfeições que ainda carrega, sem, entretanto, judiar o freguês, expondo-o ao ridículo de se achar feio, velho, carrancudo, rabugento, fedorento, desdentado, fora de circulação. Gostar o máximo de autenticidade da casca rara em que transportamos as esperanças de realizar a todo preço, independente das opiniões alheias, o projeto de futuro que somos.     

Aprimorar o território em que ora nos conduzimos ao Paraíso, estrada inesgotável das oportunidades, quando tudo lembra bem o filósofo grego Heráclito a dizer: Ninguém se banha duas vezes no mesmo rio! A água sempre será outra, e o banhista nunca será igual. 

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