Ninguém abandona às próprias jornadas esses pensamentos aparentemente adormecidos. Ali neles persiste um brilho intenso de querer habitar de vez a existência. São detalhes individuais que vieram de um a outro, nessa aventura de todo vivente. Nós humanos seremos isto, artesões das cores e formas nas telas na casa de depois. Pródigos retirantes do sertão da Consciência, desenham nas paredes de dentro seres estranhos por vezes libertos e avançam no escuro da solidão até desaparecer na distância. Quiséssemos, porém, construir reinos da Paz, vencer-se-ia desertos assustadores de desejos e acalmaríamos o egoísmo. Abandonaríamos o que, um dia, sustentou as cercas da ilusão. A esse dia, vamos em busca do Sol que ilumina a noite dos milênios incalculáveis...
Nisto, pequeninos seres fervilham o solo do Tempo. Constituem
famílias. Representam em si mesmos a fome incontida de sobreviver. Andam sozinhos,
de máscaras mil que circulam entre as dobras desse filme intermitente, numa
demonstração de que tudo há de prosseguir. Independente dos conceitos do
inevitável, tantos falam. Seremos nós aqueles que um dia buscaram as fórmulas
mágicas dos sonhos. Largamos nas pedras o passar da vontade estreita, afoita e pretenciosa.
Nesse vai-e-vem da sorte pelas estradas, deparamos contingentes
inteiros de outras batalhas que nunca cessaram. E andam pelos meus corredores
da alma, sórdidos objetos de paixões e desenganos. Contudo menestréis doutras
histórias ao além submetidas, na lei das recordações. Foram paisagens
inesquecíveis, manhãs iluminadas, momentos felizes desfeitos pelas garras
insanas das outras feras. Enfim, ímpetos de viver que alimentaram o amor em
todos os destinos.
(Ilustração: Crato antigo).
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