quinta-feira, 2 de junho de 2022

Quem contará a nossa história?!

E reviverá os momentos que ainda quiseram fugir apressados quais suaves encantos de impossíveis traços, porém a isto jamais conseguirão... Assim tais saídos pelas mesmas ruas depois as de termos vivido nos filmes inesquecíveis do Cassino, Moderno, Educadora, a prolongar as histórias de outras terras e que hoje fazem parte de todos nós os que viveram de perto tudo aquilo, desde então até nunca mais, e seguem vivas... As noitadas na Praça Siqueira Campos aos domingos nos milhares de cores, nos sons das Lojas Stuart, entre horas de felicidade a olhos vistos... Os jogos do Campo do Esporte, nas tardes da mais pura emoção e movimento... As lides estudantis entre os grêmios; as maratonas; os desfiles de 7 de Setembro... A Praça da Sé, suas fontes e as bênçãos de Nossa Senhora de Penha, as quermesses, os jardins... As feiras livres e os visitantes das segundas-feiras, em multidão exótica, personagens inigualáveis, de muitas procedências, cheiros, artefatos, atividade intensa, uma festa de rua sem par no quanto de produtos e variedades, uma renovação de valores e artes populares... A Exposição Agropecuária, dos tantos enlevos e viagens sentimentais... Subidas à Cascata, Nascente, caminhos de terra a pé e alimento dos finais de semana... Os bares; as lojas do centro; as notícias; os boatos; os circos; parques de diversão de setembro; interrogações do tempo todo no furor das campanhas políticas; dos dramas encenados nos colégios; os clubes do pé de serra; as missas do domingo na Igreja de São Vicente, na Sé; o Seminário São José e os seminaristas que desciam nas festas maiores ou solenidades fúnebres; as chegadas e partidas do trem; os carnavais de rua; os corsos; as bancas de revistas e os jornais trazidos pelos voos da VARIG; os livros maravilhosos. lidos com fome e sede; o futebol de salão na Quadra Bi-Centenário; a paixão pelos times do Rio; as kombis quando iniciaram o percurso para Juazeiro, lá da Praça da Estação; as conversas intermináveis entre os amigos às noites da semana nos bancos da Siqueira Campos; os flertes e namoros; as notícias que percorriam fácil os ouvidos, numa velocidade estonteante; os tipos populares espalhados pelas calçadas a conviver espontaneamente na cidade, todos característicos e de hábitos constantes; as excursões aos lugares afastados; a União dos Estudantes e suas campanhas apaixonadas; o Clube de Cinema; o jornal A Ação; as exposições de arte; as rádios Araripe e Educadora e os programas consagrados; a Faculdade de Filosofia, que veio crescendo aos poucos até gerar a Universidade Regional do Cariri; as partidas emocionantes no Campo do Cariri; as tertúlias das sextas-feiras da AABB; as mudanças que se deram com o asfalto das ruas centrais; um Crato prenhe de memórias inextinguíveis, a reviver a alma de tantos que presenciaram tudo isso, eles que guardaram a ferro e fogo expectativas deste futuro nos quadrinhos fixados na consciência, espécie de fotogramas daquyeles filmes não desaparecem jamais. Quem, pois, contará a nossa história tão rica de beleza e sonhos?!.. Quem?!...

5 comentários:

  1. Mergulhei com gosto no tempo que você, tão detalhadamente, descreve....confesso que me senti bem. A Praça Siqueira Campos, a Quadra bicentenário, as tertúlias , a Faculdade de Filosofia onde fiz curso de História, tendo Dr. Luiz de Borba como um grande mestre e profundo conhecedor da história do Egito antigo, me incentivando a descobrir detalhes de uma civilização tão rica em conhecimentos das artes, da política... enfim, recordar um período tão feliz da minha vida.
    Aliás, seus textos sempre me fascinam pela magia com que me envolvem , levando-me em viagens a um tempo já tão longe no calendário da minha existência.

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  2. Emerson, seu texto toca no nervo exposto da nossa saudade. Vivi parte desse fantástico mundo cratense, mesmo estando enclausurado por cinco anos no Seminário Apostólico da Sagrada Família. Parabéns.

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    1. Grato, Batista. Boas palavras de quem realizar belos trabalhos de resgate do cotidiano da nossa gente.

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