Lá de onde vêm o silêncio e os sonhos, dali também vêm as
palavras. Elas que sempre vivem soltas nos mundos invisíveis além da
imaginação. Num mar imenso de significados, nele elas nadam sem pressa, vivem,
apaixonadas, misteriosas, quais bichos de outras esferas, doutras dimensões...
Têm existência própria e são meio selvagens, às vezes, porque a elas pouco ou
nada importa serem utilizadas ou não em qualquer canto... Mesmo assim, elas alimentam
em todos nós o desejo forte de domá-las, acarinhá-las, animais caprichosos e
livres, porém cheias de poder inigualável tais belas pérolas, relíquias, pedras
preciosas que iluminam a noite da ignorância à medida que sejam utilizadas no
tanto certo, na quantia ideal como instrumentos de libertação dos que as
dominem e sejam a elas fieis. Muitas dessas espécies voam pelos céus, pelos
universos, pela inexistência; tantas, inclusive, desconhecidas, jamais vistas e
levadas em conta pelos possíveis gestos nobres de quem delas se aproxime.
Afoitas como só elas podem ser, mergulham nas vestes e nos sonhos; desvendam
segredos; machucam compreensões, até verem nascer novas florestas e outros mares.
Pródigas, despejam sentimentos puros naqueles que acreditam na verdade do coração
e multiplicam histórias, belas aventuras de epopeias nunca vistas; criam contos
fantásticos ao sabor da infância de povos primitivos; nutrem filosofias as mais
inigualáveis que abastecem bibliotecas inteiras espalhadas pelo mundo; chegam
ao sacrário das religiões e transmitem prodigiosas profecias, que se cumprem no
decorrer dos infinitos séculos; insistem nas conversações de paz quando nações
querem destruir umas as outras; murmuram declarações maravilhosas entre os
amantes verdadeiros; substituem cautelosas as esperanças perdidas; e criam
novas oportunidades aos infelizes que aguardam consolação de seus atos insanos.
Palavras, que nascem às profusões nas ribeiras menos promissoras, porém
necessitadas do ânimo de sobreviver diante das intempéries e dos dramas que
sofrem as humanidades aonde quer que exista algum senso de consciência e
vontade firme dos sinceros autores de tempos ricos de poesia e festa. Chegam
suaves e abraçam carinhosamente os seres que aceitem a paz e o sol da presença
superior dos dias iluminados. Suas sementes que germinarão de tudo, quando
houver a certeza da felicidade nas pessoas e nos seus pensamentos.
(Ilustração: Floresta do Congo, reprodução).
Que riqueza de texto. Retrato fiel da beleza silenciosa da floresta com seus encantos e cheiro característico de arbustos, plantas e nativas. 👏👏✨✨💫
ResponderExcluirParabéns !
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