Nem sei o porquê de tantos reclamarem de sentir saudade,
pois tudo passa a todo instante numa velocidade própria. É vivendo e cruzando a
linha do horizonte; nos dias, nas noites, nas horas, a todo momento, pois. O
tempo, este some tal qual chegou, silencioso, escondido, e pronto, a quem
reclamar, a quem pedir explicação daquilo que veio e foi sem deter os passos?
Só gestos de tudo em tudo às nossas vistas, numa fração de segundo, e nós,
aceitemos ou não, tem de ser assim. Vidas vividas, quais pedaços de nós mesmos
largados às calçadas do Infinito. Nisso, tocamos em frente os fusos horários dessas
histórias incríveis que o circular dos séculos nos impõe na maior serenidade,
aceitemos ou não...
Conquanto venham as lendas, melodias, sagas, planejamos
vaidades, ideias, sentimentos, nas trilhas dessa condição apenas, que aguarda
os quadros seguintes que se desfarão na franqueza dos próximos dias que virão
na sequência natural do firmamento. Fertilizamos a memória com os
acontecimentos; produzimos objetos, jornadas; reproduzimos cenas anteriores;
destruímos armários de ferramentas inúteis; acumulamos muafos; ferimos; lutamos;
caminhamos; esperamos; e os dias desfolham suas pétalas aos nossos pés já
machucados de quantas aventuras errantes pelo chão. Os séculos, os céus, os
sóis... Largas listas de perdidas ilusões ao clarão dos novos tempos que virão
sempre nas crinas do bicho razão desse universo onde habitamos e lá longe esquecemos
o endereço de regressar à coerência das espécies. Nós, fagulhas insólitas nessa
imensidão de eras e solidão cósmica, em meio ao mistério solene dos segredos
guardados a sete capas dentro dos nossos corações que arfam e persistem.
Enquanto isto, sob as vistas do Ser Supremo, autor do que existe e senhor da perfeição, vagamos soltos nas vagas do vento, de almas
postas numa certeza de que há nexo nos seus mínimos detalhes. Acalmamos os
ânimos e pomo-nos determinados a encontrar as portas do Destino e nelas mergulhar
o que fomos na forma de Esperança de uma dia chegar à plena realização.
É assim mesmo. De repente nos damos conta de quantas coisas inúteis acumulamos em nossos armários. Uma vez ou outra precisamos tornar a vida mais leve quando nos livramos de objetos de pouca ou quase nenhuma utilidade. Parabéns ! Seus textos sempre tão atuais!🌹
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