Dizem que as lembranças só querem um pretexto para mostrar a cara. E nesse tempo frio deste ano em nossa região, com madrugadas indo à faixa de 15, 16°, achei de lembrar uns dias que, em setembro de 2015, estivemos no Peru. Grupo de amigos, participamos de excursão aos Andes, 19 pessoas, das quais dez do Cariri. Viajamos de carro até Recife; daí, fomos de avião a São Paulo; de São Paulo a Lima; e de Lima a Cusco, aonde chegamos no final da tarde do dia seguinte à partida. Nem sei o que querem caboclos do sertão do Nordeste em realizar esses extremos opostos de frieza.
O tempo fechado daquela tarde trazia consigo temperatura de
causar preocupação, principalmente a mim que sou friorento nato. Instalados
devidamente, iniciamos o primeiro desafio, assim por volta de uns 5°. Vesti
todo o equipamento que levara, a fim de sair nas primeiras incursões pela
cidade. Até que deu certo, uma segunda pele, duas calças, pulôver, cachecol,
gorro, etc.
Logo voltaríamos ao hotel para rever as camas, três edredons
em cada uma, dois aquecedores de quarto e portas e janelas bem vedadas. Bom, tínhamos
de encarar de algum jeito. Primeiro, o banho. Chuveiro quente de fumaçar, no
entanto, ao sair, o primeiro grande espanto, pisar no chão frio e retornar ao
quarto. Restava mergulhar debaixo dos edredons grossos, porém lá debaixo tínhamos
de aquecê-los com o calor do próprio corpo, noite adentro. Quando veio a
vontade de mijar, ihhhh, cadê coragem. Nunca tive tanta vontade de mijar na
cama, a reviver os tempos do Tatu, quando menino, que, nos frios das madrugadas
sertanejas, urinava na rede mesmo, com preguiça e sono, sem querer descer para,
no escuro, usar o pinico. Mijava a camisola de menino, o fundo da rede, e
acordava de manhã agarrado lá em cima no punho da rede para fugir da frieza.
Os aquecedores do quarto mal davam para secar as cuecas.
Isso já a 2, 3° graus abaixo de zero, o que pegamos nalgumas das nove madrugradas.
A gente ainda voltava para dentro dos lençóis grossos preocupados com a próxima
vez de ir de novo ao banheiro. Um sufoco de temperatura.
Nisso, eu fico a imaginar o sacrifício desses alpinistas que
gostam de subir aos picos mais elevados, Aconcágua, Everest, por vezes em
perdidas aventuras de nunca mais regressar. Daí pensar o quanto de interesse
teria em realizar tais aventuras. De 0 a 10, ficarei no 0 absoluto. Acho que
nada disso me bate a passarinha, meio comodista e desconfiado dessas
experiências desnecessárias.
Lendo seu texto, lembrei de uma noite de frio que passei em Jaraguá do Sul - Sta Catarina. O aquecedor ,que tinha no quarto do hotel, mais parecia uma fogueira junina e eu, medrosa como sempre, desliguei, e fiquei a noite inteira encolhida embaixo de dois cobertores, mas sem conseguir pregar o olho.....
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