domingo, 15 de agosto de 2021

A arte de dominar o Sentimento

 

Ou seja, de que jeito dominar a Si Mesmo e preencher o pano da visão.

Existe uma parábola zen que fala de um monge que sai a procurar um touro bravio que fugira e avança mata adentro. Depois de longa jornada, quando localiza o animal, principia a domá-lo, tarefa das quase impossíveis. Nessa aventura, termina por conquistar a fera. Assim, obtém a graça de montar o touro e retornar, pondo-o no curral. Em tranquilidade, se senta na varada e ali permanece a contemplar a Lua.

Outro tanto disso tudo significa o empenho de cada um aqui do Chão, dominar a natureza de que parte, alentar o ânimo da imaginação, penetrar as sombras da vontade e desvendar na calma a Paz de que fomos feitos.

De quando em quando, vem essa impetuosidade de sentir a força do Amor, a que empenhamos esforços de controlar, restando saudades, angústias, solidão, impasses, talvez até o desânimo. Agonia. Dizem que quem ama sofre, mas quem não ama sofre mais. Nesse ímpeto de tocar em frente, que inexiste outro tanto senão isso, o monge que trazemos conosco avança nas florestas da alma, na ação de desvendar os mistérios da
felicidade, que fogem pelas esquinas do desconhecido. E vivemos, e seguimos, e amamos mesmo assim.

Contam as escolas místicas que o maior empenho de Jesus há de ter sido condensar toda sua vibração inigualável num único Ser e vir ao mundo demonstrar, a todos nós, as vias da Salvação. Magnânimo empenho, magistral compensação. Enquanto que resta-nos concentrar nossos esforços, energia, pensamentos e sentimentos, numa causa primeira e encontrar a Luz da Consciência nas palmas do coração. Quanto viver, quanta arte, quanta verdade. A isto viemos e daremos de conta, no vigoroso compromisso de apaziguar a nós mesmos e realizar o Bem maior, penhor da nossa maior gratidão.

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