Ou seja, de que jeito dominar a Si Mesmo e preencher o
pano da visão.
Existe uma parábola zen que fala de um monge que sai a
procurar um touro bravio que fugira e avança mata adentro. Depois de longa
jornada, quando localiza o animal, principia a domá-lo, tarefa das quase impossíveis.
Nessa aventura, termina por conquistar a fera. Assim, obtém a graça de montar o
touro e retornar, pondo-o no curral. Em tranquilidade, se senta na varada e ali
permanece a contemplar a Lua.
Outro tanto disso tudo significa o empenho de cada um aqui
do Chão, dominar a natureza de que parte, alentar o ânimo da imaginação,
penetrar as sombras da vontade e desvendar na calma a Paz de que fomos feitos.
De quando em quando, vem essa impetuosidade de sentir a
força do Amor, a que empenhamos esforços de controlar, restando saudades, angústias,
solidão, impasses, talvez até o desânimo. Agonia. Dizem que quem ama sofre, mas
quem não ama sofre mais. Nesse ímpeto de tocar em frente, que inexiste outro
tanto senão isso, o monge que trazemos conosco avança nas florestas da alma, na
ação de desvendar os mistérios da
felicidade, que fogem pelas esquinas do
desconhecido. E vivemos, e seguimos, e amamos mesmo assim.
Contam as escolas místicas que o maior empenho de Jesus há
de ter sido condensar toda sua vibração inigualável num único Ser e vir ao mundo
demonstrar, a todos nós, as vias da Salvação. Magnânimo empenho, magistral
compensação. Enquanto que resta-nos concentrar nossos esforços, energia,
pensamentos e sentimentos, numa causa primeira e encontrar a Luz da Consciência
nas palmas do coração. Quanto viver, quanta arte, quanta verdade. A isto viemos
e daremos de conta, no vigoroso compromisso de apaziguar a nós mesmos e realizar
o Bem maior, penhor da nossa maior gratidão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário