domingo, 29 de maio de 2016

Valores imediatos


Na ânsia de usufruir da existência, virou moda o instinto destrutivo do imediatismo no decorrer das histórias desse tempo. Vistos os desejos avassaladores do prazer, muitos largam de lado possíveis realizações a médios e longos prazos e mergulham de cabeça nos lances atuais, por vezes fatais. Vendem a alma nos varejos de ocasião, impacientes de curtir a vida, quais pecadores inveterados no mercado da carne coletiva. Saem nas noites à procura de nacos de satisfação, fora de quaisquer cogitações posteriores. Espécie de desespero quer tomar conta dos grupos sociais, cada um à sua maneira, sejam nos vícios, vaidades, alimentação, sexualidade e violência.

O impulso dos valores materiais caracteriza de sintomas os horrores desse tempo de prazer a qualquer custo, e sob pena de morrer de tédio, bichos de monturo, indivíduos atiram ao léu projetos de realizações sem deixar margem a demorar um tanto mais no esforço de concretizar os sonhos de uma geração inteira. 

Essa cultura do gozo parece querer dominar os dias, afastando a tradição humana rica da imaginada tranquilidade e os sonhos, o que valia de razão às eras próximas quando jovens cultivavam bons instintos, estudos e o objetivo de melhores momentos.

E nunca antes a importância do autoconhecimento exigiu demasiado das criaturas. O vazio de valores plenos da dignidade ora impõe esforços inauditos na busca da paz pessoal, na educação dos filhos e preservação da ordem social. A vida reclama respeito, a segurança claudica, o futuro quase significa tão só ficção, espécie de artigo de luxo, raro e de difícil obtenção por vias regulares.

Eis o retrato desta fase escura dos países e populações, quando egoísmo crônico chegou ao poder nas raias da sociedade e os credos religiosos se tornaram pontos de fuga das multidões. 

Nem sempre houve extremos de tamanha gravidade, porém os desafios representam lições de todas as épocas, a fim de reencontrar o caminho da Salvação.

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