No entanto, por mais propusesse valores no rico exemplar, o beduíno nem de longe aceitava desfazer do bem precioso.
Sob as marcas da ganância, lá adiante o sheik resolveu montar armadilha e tomar a pulso o cavalo do beduíno: Em travessia do deserto, escondido sob o disfarce de mendigo, esperou passar o dono daquele bicho que despertara suas ambições.
Ao chegar de próximo, sentindo que o homem mostrava interesse oferecer alguma esmola que lhe mitigasse a miséria, agarrou firme as rédeas do cavalo, derrubou o cavaleiro, montou a rara prenda e saiu em disparada. Nisso, antes de sumir na distância, ainda identificou o proprietário do animal a lhe chamar de braços para o alto, que voltasse urgente, que precisava dizer algo a respeito do cavalo.
Meio a contragosto, porém, o malfadado sheik parou e veio de volta até junto do beduíno, que afirmava:
- O senhor agora é o atual responsável pelo cavalo. É o dono dele. Mas quero pedir um favor, que nunca diga o jeito que adotou para tomá-lo de mim. Pois desse modo daria péssimo exemplo aos que pretendessem auxiliar necessitados, nesse mundo. E são muitos esperam das mãos amigas que diminuam a fome e a sede dos muitos infelizes da sorte.
...
Quando perguntavam se Jesus, Deus e homem, sofrera dores nas atribuições por que passara neste chão, alguém respondeu:
- Sofreu, sim, a dor da ingratidão – daqueles a quem quis minorar o sofrimento, e houve de deparar tamanha demonstração de fraqueza. – Sofreu, sim, a dor maior da ingratidão dos seres humanos...
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