Muitas armadilhas ficaram espalhadas em pontos estratégicos da circunvizinhança; todo tipo de mecanismo, possível e imaginável; artimanhas diversas se utilizaram, sem produzir, no entanto, quaisquer resultados efetivos.
Unidos, os perseguidores seguiam à risca cada rastro da fera, enquanto seus estragos prosseguiam nas fazendas, gerando sérios prejuízos à atividade agropastoril do lugar. Em muitos momentos, eles quase chegaram no seu encalço, dias a fio, ainda que nada de concreto obtivessem.
Após vários meses de investidas, os caçadores descobriram, numa montanha distante, a caverna que servia de refúgio ao lobo e sua companheira, local que lhes protegia da implacável perseguição dos vaqueiros.

Como o passar do tempo, todavia, ao notar a prisão da companheira, o lobo alterou seu modo de agir, modificando pouco a pouco as rotinas de proteção que lhe preservavam, em cautelas infalíveis, e numa noite de lua, terminou por se entregar de frente aos perseguidores, que o abateram com relativa facilidade, quando se aproximou em demasia da jaula onde haviam posto a fêmea para lhe servir de isca.
Guardei muitos anos essa história, pois ela me despertou na busca das razões para tantos comportamentos da vida silvestre em que animais se manifestam quais motivados por senso moral superior, prenhes de emoções raras, enquanto nós, seres humanos ditos racionais, sobejas vezes, no cotidiano desta vida, agimos a níveis tão baixos, destituídos da menor civilidade, que envergonharíamos qualquer bicho bruto que pudesse nos avaliar.
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