Quando a eletrônica acelerava o processo da comunicação, inovando técnica e burocracia dos escritórios e bancos, surgiram alguns livros que denunciavam o risco ao qual se submetiam cidadãos comuns, figuras de beduínos perdidos em deserto árido, de quem morreram os camelos, miragens várias e sol intenso. Admirável Mundo Novo. 1984. Fahrenheit 451.
O cinema acompanhou a literatura e concebeu clássicos proféticos, inclusive os trabalhos imortais de Chaplin, que alertaram para o perigo da massificação, onde elites dominariam as bases trabalhadoras através de botões e canais de informação cativos, viciados que nem dados viciados em mãos sujas.
Era na ficção científica, domínio subliminar do homem pelo homem-máquina, como haviam feito com os instrumentos de sobrevivência na economia autoritária. Alguns achavam romantismo exagerado, falta de alcance do espaço aberto para o aperfeiçoamento civilizatório.
Anos passados; nuvens dissipadas.
O encabrestamento ocorreu. Poucos atentaram à importância do uso da razão, neste momento de crise. Os estiletes de meios eletrônicos penetram lares, tais rios de luz inquestionável, reverência circunscrita aos porões dos ditadores. Quando Diogo Álvares Correia acendeu o estopim, selvagens perplexos, mas felizes, uivaram com a chegada de Caramuru, o deus do fogo.
Por preguiça ou indiferença, tantos desativaram raciocínios, que a força da televisão arrasta manadas, ainda que essas não desconfiem para onde seguem, famintas e tristes.
Huxley. Orwell. Bradbury. Os autores dos livros referidos estavam, em parte, inspirados quanto ao futuro. Apenas aspecto não previram, o poder maior da Consciência, pulo de gato que ainda resta à espécie entontecida...
No campo de combate das eleições presidenciais deste ano, comprovar-se-á um valor mais forte do que a prepotência e o engodo. Meios outros de comunicação, outros canais de tevê, perfilam-se contra o Grande Irmão global. Vozes democráticas firmaram baterias e apostam nos resultados favoráveis do universal sufrágio. Nem tudo estará perdido, portanto.
O cancro cresce, partes inteiras da massa se esfumam; chaminés escurecem os céus. Porém cores persistem no fundo infinito da tela enorme. O homem, qual pintor genial, esfrega os olhos, banha o rosto e ainda consegue criar certezas novas, pois valores verdadeiros sempre triunfam nos exemplos históricos, também aqui, na pátria de Macunaíma.
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