sexta-feira, 3 de março de 2023

Admitir o inevitável


Ou seja, se render às circunstâncias. Noutras palavras, aceitar de bom grado as condições em andamento da Realidade. Nada fácil quando sejam tais condições em desacordo com o desejo ardente da satisfação imediata, que predomina. Daí vêm os instrumentos de conformação. As filosofias, os métodos psicanalíticos; conceitos religiosos, as crenças. Ou, por outra, a angústia, o desespero, as frustações, desencantos, etc. Contudo há que tocar adiante os valores em movimento. Nas artes, as sublimações, os estudos; daí os meios de aceitação que longamente a Humanidade exerce e sobrevive desde sempre.

Uma justiça sobranceira, porém, persiste nesse caudal de histórias que significa a existência dos seres. Produtos, escolhas, resultados, consistem nos métodos ora em andamento. Uns, crescem e deixam de lado os demais. Outros, padecem as agruras do anonimato de gerações e civilizações. Na verdade, até então esse equipamento de equilíbrio social, humano, ainda arrasta em si só a lama dos séculos. Ao que deixam a ver, apenas vive a selva primária dos acontecimentos bárbaros lá dos inícios, talvez numa pré-história arrevesada, pesadelo continuado.

Nisso, a cara do que impera nos dramas de tantos e, quiçá, de todos, no fruto amargo das experiências em andamento. Qual seja, o que resulta do egoísmo ou meros interesses individuais. Caravanas sucessivas de meios estranhos à Paz segue num passo dolente, por vezes eufórico, fantasista; doutras, salseiros de sofrimento que invadem de amargura as amargas consciências culpadas. Bem nas barbas do depois, poucos aceitam interpretar a sociedade tal face do seu aspecto coletivo e de uma forma harmoniosa e próspera.

Talvez até que desse jeito houvesse de ser, como tem acontecido, a título de aprendizado, no entanto a rever o compromisso e a responsabilidade que representam das consequências exatas do merecimento inevitável. Os orientais denominam carma a esse refluxo da Lei sobre seus responsáveis. Enquanto isto, persiste o Caminho Perfeito, ou darma, o que nos resta encontrar no trilho da exatidão maior, e nele caminhar rumo ao desconhecido, até chegar no senso absoluto da Razão.  

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