quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Conto

Querer, sim, e visto querer, as dores cresceram de dentro para fora, numa vontade firme de descobrir, intenso e real, o amor entre os seres. Ela e ele atingiram o instante quando o coração não pode esperar melhor ocasião; só viver febricitante a expectativa de unir corpos felizes.

A barra da madrugada reunia neles essa aura luminosa, enquanto olhos ardentes lambiam, um no outro, furor descomunal de quem saboreia o sabor gostoso de pão quente à beira da estrada do sonho.

Os dois, aflitos no desejo intenso, entregaram na brisa as faces pelo quebra-vento todo aberto; sol a tingir-lhes de ouro os cabelos, junto de ondas fogosas a sacudir o mar da vontade.

Longe, no horizonte infinito, a presença do Poder, nuvens brancas a repassar cenário diante do azul que emoldurava as imortalidades no calor dos corpos unidos através de amor sincero, puro.

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Conta a tradição dos muito antigos que vivêramos distantes, lá na constelação de Cocheiro - onde três planetas chegaram a estágios de tecnologia super avançada e destruíram suas civilizações numa guerra trágica. Visto inexistir coincidência, era a época própria da colheita, naqueles povos remotos. Desse conflito ocorreria profunda reviravolta, pois os tais planetas passaram a novos estágios de mundos evoluídos, e seus habitantes restaram submetidos por seleção obrigatória aos ditames da Justiça superior; os espíritos que obtiveram o Conhecimento maior herdaram aqueles mundos.

Os outros, exilados na sorte do merecimento, vieram trazidos a novas oportunidades neste lugar de nível moral ao que viveram e perderam, pois não souberam bem aproveitar, para continuar aqui sua evolução nas raças ária, egípcia, judia, asiática (China/Manchúria/Japão).

A tradição guardada nas lendas afirma e acrescenta a história dos momentos vividos, agora no chão da Terra, em via de profundas transformações siderais, trânsito expiação e provas a mundo de regeneração.

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Veloz a percorrer o espaço entre a casa, o paiol e a meia-noite, um risco no céu mostra a presença dos visitantes.

O inverno trouxera características diferentes; se apresentara com noites frias e agradáveis, promessa de sono tranquilo aos que mantivessem a paz na consciência, vindos leves aos lençóis.

Numa distância de aproximados 25 metros, disco metálico cor de alumínio escuro, quase chumbo, reluz. O bólide pousa quieto, silencioso. Dele dessem criaturas longe dos padrões do que chamamos humanos em termo de gente, todavia estabelecidos nas duas pernas, dois braços, tronco, cabeça, ritmo, equilíbrio e algumas notas mais pouco divergentes.

Sem agressividade, silenciosos pegaram os dois amantes pelo braço e os conduziram até a neve. Viagem solene iniciavam, ocorrência superior. No íntimo, homem e mulher aguardavam a providência; às estrelas, plenos de amor, a semente do futuro.

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