Sem mais, nem menos, lá surgem elas, as lembranças insistentes que ficaram ali guardadas nem sei precisar em que ponto do Infinito. Linhas perfeitas dos acontecimentos que ficaram atrás, elas chegam velozmente e tomam de conta do universo inteiro daqui da gente. Até poderia diz que invadem, pois dominam poderosas o território da mente quais senhoras absolutas de nós mesmos, almas superiores do que fôramos. Isso em milhares, milhões de fragmentos de muitas cores e formas, ocorridos no passar do tempo, onde tivemos participação dalgum modo. Qualquer nome assim de histórias fantásticas, são elas os personagens pessoais de cada um. Amoldam-se na gente, invés de serem amoldados por nós. Fantasmas, mal assombros, visagens, sei não, que constrangem a superfície da individualidade, o ser, e avançam feitas histórias surrealistas... o que, na verdade, vive, substitui a presença dos que lhes recebem, com ou não de bom grado.
Esses entes, essas figuras acesas que crescem do furor das
horas aonde formos, preenchem o teto do momento e nos arrastam pelos mesmos lugares
antigos de nós andados pelas calçadas, praças, habitações, quermesses, tudo
adredemente engendrado na roda viva dos pensamentos, a ponto de, em certas
ocasiões menos sufocantes, se imaginar que sejam espécie de outros viventes
aqui do lado bem perto, que, de uma hora a outra, resolvem vir à tona, entrar
em cena e representar aqueles papeis amarelados de nós que exercitamos naquelas
cenas, dos velhos ensaios, que ora retorna ao palco do presente e encobre a
existência atual. E crescem, e dominam, e trazem repetições vindas de dentro do
que achávamos houvesse só esquecidas situações.
Bom, de comum são elas que vivem, não nós. Aqueles
pedaços dos instantes de que passávamos apressados, talvez, quem sabe?!, desinteressados;
no entanto que agora afloram sem qualquer outra oportunidade às fugas
mirabolantes do que fôramos desde então e em que sempre acreditávamos
irrelevantes e perdidas para nunca mais.
Nisso, moldam o que aqui poderíamos haver, todavia meros escravos
daquilo que vivêramos sem avaliar o tamanho da responsabilidade de quando
acreditávamo-nos criaturas livres, independentes.
Vejo, porém, o tanto de compromisso que assumia naquelas
ocasiões nunca esvoaçantes e hoje donatárias de mim a ponto de causar espanto,
náusea, arrependimento, porém longe que seja de rever, recriar, sarar, a não
ser construindo do nada que considerava histórias, novos passados em formação, que,
decerto, virá também a regressar na minha presença depois, o que devesse ter
produzido de melhor na liberdade às minhas mãos, tamanha facilidade por
vezes apenas jogada ao relento, e que regressará numa intensidade jamais antes
prevista. Hoje sei, sim.
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