sábado, 26 de novembro de 2022

Memórias de um futuro distante


Desde lá de onde vem essa máquina de pensar que nos transporta nos ombros do Destino. Donde chega a vontade extrema de rever a verdade que rebrilha intensamente no meio de ferragens que sacodem nossas entranhas e permitem só ao longe contemplar os traços do Universo em formação, ainda invisível aos nossos olhos secos. Lá, de onde vêm os sons metálicos das estrelas, entre galáxias e nebulosas, rastros profundos das longas madrugadas insones, já agora ausentes. Riscos de naves. Meteoros que cruzam o espaço na velocidade estonteante das paixões. Luzes. Letras. Poeira de séculos largados ao firmamento quais sinais de sabidas existências silenciosas. Nisto, um céu sem fim, símbolo de pura perfeição, que circula de células o quanto existe, ao ritmo dos acordes de festas monumentais deste infinito maior que bem aqui significamos. Algo das impossíveis eras que regressam ao ventre das cores e mergulham no mais absoluto das dobras da Consciência. Fragmentos, pois, de tempos esquecidos, chegam numa velocidade intermitente e escondem o mistério de notas mil da mesma peça que cresce e explode em tudo quanto há, sob o trilho do Sol de todo momento. Nós, esses entes abstratos em formação e desparecimento, faces abertas de quem rege a sinfonia da Criação adormecida no olhar de todos. Isto tão somente, bólides iluminados e furor dessa presença firmada dentro da alma da gente, que nasce e se contorce no trabalho de parto das presenças humanas. Enquanto isto, lembranças outras invadem de solidão a saudade que os dias trouxeram consigo e desmancham pouco a pouco a crosta enrijecida dos calendários inexistentes. Isso durante falas e silêncios, e adormecem nas eras no seio imenso do coração da Eternidade. Tudo enfim que fala, grita, cala, face às encostas do total desparecimento de todas as formas, o que será solenemente, objetos da realidade de uma raça entontecida à busca do conhecimento. Eis o pouco do que ainda resta de percorrer até quando dias e dias sumirão de vez triturados pelo fogo da memória inesgotável da Certeza.

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