O senso comum adormece logo depois que rever os índices do crescimento humano, e pronto. Aquieta as apreensões quanto ao seguimento de tudo quanto há. Aceita de bom grado as condições inevitáveis da vida que vive, sonha e adormece tantas vezes quanto necessário seja de dominar os instintos de salvação e persistir na luta de continuar pelos monturos das próprias aventuras. No entanto, ainda assim, remexe lá de dentro essa força insistente da fome do novo, das repercussões do processo face aos percalços inevitáveis. Seres humanos e sua história de sobrevivência, longa noite de espera do que virá, fora dos vaticínios e desejos nunca realizados. Entes de proporção reduzida, porém dotados das medidas do Universo em suas viagens internas, máquinas de tecer maravilhas no continente das dúvidas, são as nuvens em movimento no mar da imaginação.
Todos têm isso, a possibilidade infinita de resgatar a si
próprio através dos meios de que dispõem. Isso de rever os caminhos donde vem e
aonde irão sem sombra de alternativa. Vasculham o lixo dos dramas dessa
condição material, batem asas com insistência, até refazem os valores que
trazem às mãos, porém cônscios do pouco que representam de tudo quanto lhes
cerca. O que leva a receber prejuízos e lucros das ações dotados de compreensão
de ser assim. Presas, pois, desse fastio que lhes aguarda de braços aberto nas
esquinas do Destino, fazem de conta não ser consigo o roteiro que tão bem representam todo momento.
Afinal, se esconder de quem?! Das luzes da existência de
certeza não será. Admitir as poucas e nenhuma chance, a quem reclamar?! Com
isso tangem o barco nos mares do Tempo, senhores de si e fruto das
consequências em queda livre.
(Ilustração: Cristo no Limbo, de Hieronymus Bosch).
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