Lá num tempo bem distante, enquanto iniciava a busca impetuosa da consciência, os primitivos já desenhavam nas paredes das cavernas primeiras manifestações de querer reproduzir outras realidades, na magia simpática, raiz da Arte desde sempre. Esse impulso iremos ver noutras e tantas ocasiões; nas salas de cinema, nos guetos, nas praças; livros, telas, espetáculos mil espalhados neste chão. Das cavernas aos abismos de nós mesmos, bem de dentro, nasceram filosofias, religiões, escolas; os mistérios dos romances, de telas imensas largadas nos céus da beleza incontida, nas linhas dos códigos da Terra; nas histórias de adormecer; no anseio incessante dos andarilhos da sorte e, certo dia, achar o pouso das aventuras até construir os palácios da paz, vindos esses pelas rondas do destino.
Os artistas são os investigadores da alma humana, habitantes do coração das pessoas. A necessidade primeira da gente é a criação, qualidade latente que às vezes manifestou seu poder nas muitas horas das civilizações. Eles são também místicos, viajores doutros mundos na forma de visões que falam o que dizem e só eles podem escutar. Avisam, repercutem e padecem o preço de serem audaciosos na pauta comum das sociedades rotineiras. Qual provar doutro jeito aquilo que presenciam nas furnas de si e transmitem através dos tratados sobre-humanos ignorados?! Nisso desvairam diante das tradições, e indicam o que virá das colinas do depois. Eles, os artistas de constelações e muitos céus, senhores das sensações do alto aonde foram e jamais retornarão.
Lembro emoções de quando planejávamos, semanas a fio, ver os filmes em cartaz no Moderno, no Cassino, na Educadora, e quantas vezes passeamos por dentro de cenas em telas imaginárias, esses eternos viajores dos encontros guardados na película do Infinito.
Daí os grandes autores e as histórias maravilhosas, unicamente, mágicos da percepção e donatários de heranças inigualáveis. Há um brilho no olhar dos artistas, primeiros habitantes dos países da esperança e mestres das possibilidades que carregam conosco todo tempo. Algo de fascinante, pois, significa essa criatividade dos menestréis das lendas sem fim.
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