terça-feira, 1 de setembro de 2020

Luiz Gonzaga de Oliveira


O Gonzaguinha, autor de fotos clássicas do passado cratense, dentre as quais a tradicional do Cassino Sul-Americano, da Praça Siqueira Campos. Além de manusear com esmero as câmeras de lambe-lambe, sucesso à época, também dedicou atividades à propagação do cinema em nossa Região por meio de um equipamento denominado Lanterna Mágica, sendo com isto o primeiro exibidor de filmes no Cariri. Mandara vir do Rio de Janeiro um daqueles primeiros projetores rudimentares das películas cinematográficas com o qual instalaria uma sala de exibição, a deliciar seus contemporâneos e lhes apresentar a nova comunicação ainda restrita às capitais e grandes cidades.

A propósito, um bisneto de Gonzaguinha, Jackson de Oliveira Bantim, o Bola, vem dedicado parte de seu tempo à preservação do acervo desse consagrado fotógrafo, inclusive instalando em Crato o Memorial da Imagem e do Som Luiz Gonzaga de Oliveira, que funciona junto ao Instituto Cultural do Cariri, à Praça Filemon Teles.

Luiz Gonzaga foi casado com Dona Dasdores, ao lado de quem teve sete filhos. Sua atuação profissional preenche o período de 1885 a 1930, deixando acervo dos registros que efetivou na arte da fotografia preto e branco, que podem ser vistos junto ao Museu Histórico do Crato e ao Memorial acima citado. As fotografias que mais se destacam pela importância histórica da cidade no período que aqui exerceu a profissão seriam as do Cine Cassino e do Seminário São José. Vale citar também registro fotográfico relativo à Travessa do Rosário (atual Praça Juarez Távora). São de sua autoria retratos de personalidade locais que imortalizou nas imagens.

Ao saber da existência dos primeiros projetores cinematográficos, viajaria em lombo de animal a Fortaleza, de onde trouxe equipamento de exibição, causando entusiasmo às primeiras plateias de cinema do Cariri cearense. Instalou a sala de exibição em prédio localizado na Rua Grande (hoje Dr. João Pessoa), na sede do Clube Romeiros do Porvir. O empreendimento de Gonzaguinha daria margem a que, posteriormente, chegasse o primeiro cinema com sede própria, o Cinema Paraíso, sob a iniciativa do italiano Di Mayo, em 1911. Depois, em 1919, seria instalado o Cassino Sul-Americano. Eram os primórdios da sétima arte, fase inicial do cinema mudo, com música instrumental ao vivo.

Naquele tempo, o teatro também teve grande evidência na cidade por intermédio da liderança de Soriano Albuquerque, isto por meio dos Romeiros do Porvir, grupo de arte cênica no qual Luiz Gonzaga de Oliveira desempenhou figurações cênicas juntamente com outros destacados diretores e atores da ocasião.

Deixamos aqui, neste momento, estas palavras de respeito a esse personagem que marcou época e fomentou a nossa cultura nos primórdios das artes visuais no interior cearense.


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