Ao fim, no entanto, quem escreve é que pergunta isso. Colar as letras, as frases e deixá-las jogadas no vento dos momentos que foram embora assim terminou de juntar gravetos de ideias, e nada além acontece a não ser o profundo silêncio das ondas nas praias infinitas do desejo.
Bom, mas há o que dizer, sim, nem que seja só dizer e ver tingir os tetos da imaginação. No início, fora a oralidade. Falar e passar adiante através das palavras ditas. Vieram cartas, de navio, a pé, nos cavalos, nas gretas das portas. Nisso, Guttenberg reencontrou os tipos móveis chineses e fez a Bíblia de 62 linhas. O livro, o jornal, que tomaram de conta das bancas das manhãs. Eram as revoluções sequenciando a história. Foi quando aflorou a energia elétrica e produziu rádio, televisão, telefone, telégrafo, essas geringonças eletrônicas disfarçadas de santos. Rádio, o tambor tribal daquela hora, no entanto, seria o arauto das distâncias imediatas. Já hoje, as maquinetas do milagre viraram gandaias de bolso da produção imediata de informação.
Mas de qual informação?! Das de súplicas ao Pai Eterno de que nos dê juízo e força de atravessar o túnel interminável das existências sórdidas e aportar num lugar de luz na consciência, e sonhar acordado as vistas boas das manhãs de paz no coração da gente.
(Ilustração: Gustave Calliebotte).
" O amor é isto, uma pergunta sem resposta. "
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