"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo /Perdeste o senso!"
Olavo Bilac
Os gestos de tudo, enquanto. Comunicar, no entanto, necessidade mais que primária de nós, homens e animais. O caminho das águas de todos os aqueles fenômenos, a declividade do tempo na pista dos movimentos. Assistimos, um dia, ao filme sob o título O vento não sabe ler. Havia um jardim com tabuleta de não arrancar as flores. Na sequência final, porém, as flores voavam ao vento. São milhares as tabuletas deste mundo. Quantos nem sabem ler. Quantos precisam ler, ainda assim.
Esse universo de além das palavras é todo o Universo, o que se passa depois das circunstâncias do vão aberto nas situações pessoais. Largadas ao sabor das corredeiras, palavras apenas alimentam o desejo de dominar o momento, razão principal dos guerreiros armados até os dentes e suas lutas inglórias. Vagam soltos em noites escuras de conceitos e carências, a bater nas portas do desconhecido. Pequenos seres de largos sonhos, nutrem por si o mínimo de vontade, porquanto abandonaram ao prazer fácil a essência da incontida de imortalidade.
Elas, as palavras, servem de crosta ao rolar dos impérios, guardadas que nos gavetões da memória, passados perdidos nas eras inexistentes. Durante o sono, dormem nos medos logo despertados ao sabor do Sol. Pessoas vacilantes, larvas escuras da solidão mal distribuída.
São notas vagas de sinfonias distantes. Apóstolos dos credos impossíveis, querem achar nas pedras o mel da promessa dos santos. Esquecem mares onde navegam e vacilam diante das circunstâncias de cumprir a pauta dos destinos. Meros obstáculos entre todos os seres, humanos trabalham egoístas fomes de felicidade e pisam apressados na própria sombra. Caem feitos folhas secas ao outono das outras vidas.
Mas o autor insiste na ânsia original de nos dizer: "Amai para entendê-las! / Pois só quem ama pode ter ouvido / Capaz de ouvir e de entender estrelas".
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