quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Uma ou duas vontades próprias

O espaço de convivência desse chão comum significa tantas e quantas vezes dividir as escovas e as espadas em iguais proporções. Afirmação por demais inútil, porquanto todos os guerreiros imaginam ser os donos absolutos da verdade, no entanto existe pouquíssima chance de vitória de ambos os lados. Durante os torneios dessa madrugada, por exemplo, Furioso predominou diante de Moderado, ainda que este pedisse paz e as lutas prosseguiriam noite a fora. Primeiros sinais de inutilidade dos embates cresceram no horizonte, sobretudo depois do Sol nascer. Os fantasmas da discórdia, face à luz solar, num gestos simples aclararam os ânimos e saíram de mansinho, na espera de encontrar os adversários em outras pelejas fora da existência esplendorosa do Sol.


Nisso ninguém leva a melhor quando o Sol desponta no horizonte da razão. Correm à procura dos motivos de evitar as cicatrizes, ainda que viessem prontos para brigar pelos velhos motivos da destruição dos corpos de carne. Carregam consigo os arcos e flechas, as paixões do sangue e a sede do egoísmo. Tontos de desejo da fria ilusão, descem as calças alheias na maior das facilidades, ignorando a consequência imediata dos atos sujos que praticam. Desse jeito, os guerreiros demonstram nem o mínimo sequer de conhecimento e respeito pelos soldados mais antigos.

Com tais atitudes sujam de lama a história de vida na caserna e dramatizam os palcos mediante derrotas e burrices que sustentam na maior sem cerimônia. Forçam, igualmente, a queda de outros parceiros, enlameando as calçadas e os becos de condenados ao fuzilamento impiedoso.

Não fossem tais incoerências e a população dos vivos e a carcaça dos animais pré-históricos nem precisariam habitar museus de solidão dos abandonados pelo tempo e poucos, ou até nenhum, haveriam de ser eliminados da competição perante a Eternidade depois de passar o período talvez longo no fundo daquele Mar Morto que assusta os próximos que aguardam a eliminação.

Porém sem meios de vencer o instinto da derrota, se deixam largar de almas escuras ao mar salgado de lama podre feitos só sucatas de gente que aceitariam a perdição qual condenação e motivo das inexistências originais.

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