Silencioso, tranquilo, qual o leito daquele rio, o discípulo de Lao Tzu apenas ignorou a presença dos visitantes e seguiu concentrado no seu ofício, indiferente aos acontecimentos em volta.
Preocupados com o tratamento recebido, os funcionários reais insistiram e, de novo, mais veementes, transmitiram a proposta do soberano.
Nesse momento, reverencioso, Chuang Tzu cumprimentou os embaixadores em seguida considerou:
- Um dia chegou ao meu conhecimento existir na capital da província o casco de tartaruga sagrada, morta há mais de 300 anos. E que Sua Alteza o príncipe conserva essa relíquia debaixo de sete chaves, numa arca de ouro instalada sobre o altar mor do templo, costume já originário dos ancestrais.
Nisso, os dois funcionários balançaram a cabeça, na confirmação o que ouviam, enquanto aguardavam o desfecho das palavras do sábio.
- Pois bem, ouvindo esse convite do soberano destas terras, quero fazer aos senhores uma pergunta: Caso houvessem dado a essa tartaruga outra oportunidade, no lugar de ela morrer e virar instrumento de veneração, que pudesse continuar vivendo e arrastando o rabo no lodaçal dos pântanos, será que escolheria o sacrifício ao qual se viu submetida?
Os emissários nem careceram de muita demora até responder quase a uma só voz:
- Asseguramos, sem duvidar, que, se pudesse, preferiria continuar vivendo e arrastando o rabo no lodaçal dos pântanos.
- Eu imagino também que desse modo escolheria – retrucou o mestre, acrescentando:
- Por isso, desejo aos senhores que retornem e transmitam ao Príncipe meus agradecimentos pelo honroso convite. Pois também pretendo seguir vivo e permanecer aqui em meu lugar, arrastando o rabo na lama escura destes sítios felizes onde moro!
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