Na casa materna que visitava, naquela madrugada calorenta de outubro, notou rabiscos acesos nas paredes da primeira infância, guiado pelas mãos de pessoa que já não existia aqui entre os habitantes deste mundo. Autorizado, viera trazendo dos armários do quarto os objetos do passado, cartilhas, rabiscos, cores, e recriou o presente novo, em meio a sentimento forte em atualização das horas antigas, reconstituição do tempo em novo espaço. As emoções opacas ganharam forma outra vez. Clareava o passado do tempo e aliava o espaço em outra existência. Isto no sítio onde acontecera nas malhas do fluir contínuo que sumira nas páginas percorridas e desfeitas, restos de memórias entranhados na pele grossa do hoje.
Marcas fortes dessas ondas ficaram assim gravadas de dentro do sonho em forma de gravura e movimento, regresso lá dos penhascos a bruma do desejo de preservar o que nunca deixara de existir na alma das criaturas humanas. Força de consciência ganhava poder de juntar entre si espaço e tempo, idílio definitivo de realidade no romance de almas afins na presença justa e forte que reuniu e amor e vontade.
Isto na pessoa, cá no centro do palco das percepções, na estrutura dos sentidos que oferece consciência, espécie de valor único universal dos personagens atores da cena dos acontecimentos desfeitos bem atrás. Seria o casamento deles dois, Espaço e Tempo, bodas perfumadas de ouvidos e visão, equilíbrio de saudade e permanência, no íntimo do ser que somos nós, idílio de esperança com felicidade em final feliz sem fim.
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