Isso, entretanto, só aguçou mais ainda a curiosidade do touro, que tratou de empreender difícil jornada à civilização, na procura do bicho homem, com quem pretendia manter um encontro e provar quem seria, na verdade, o mais valente dos animais.
Depois de viajar muitos meses, aproximou-se da cidade dos homens, avistando um menino, a quem se dirigiu:
- És tu o famoso bicho homem, rei da valentia? - perguntou.
- Não, sou ainda não - respondeu-lhe o garoto. - Só daqui a pouco chegarei a ser homem.
Adiante, o touro avistou um ancião encurvado pelo tempo, a quem fez idêntica pergunta.
- Não, não sou mais esse bicho tão valente - ouviu de resposta. - Um dia, que vai bem distante, pude assim me considerar, mas as energias ficaram para trás, na idade que hoje carrego.
Seguiu o touro na sua busca incansável, até se deparar com um caçador munido de ameaçadora espingarda, de quem foi logo indagando sobre o homem, como das vezes anteriores.
Poucas palavras trocaram e logo quis o touro provar dos dois qual seria o campeão, avançando contra o homem que, em legítima defesa, disparou carga grossa de chumbo no meio das fuças do bovino, remetendo-o aturdido de volta ao mundo de onde viera, em desesperada fuga.
Tempo depois, chegou ele ferido na floresta em que habitava, causando espanto nos outros bichos que quiseram saber o resultado de sua procura e se existia mesmo quem pudesse igualá-lo em valentia, no que tratou de explicar:
- O homem é o mais valente de todos os animais. Vejam vocês que apenas um espirro dele quase que me arrebentou a cara - dando-se por satisfeito com a experiência de comparar sua valentia.
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