Olho gordo da fé de
muitos peregrinos, essa mania de querer abraçar o mundo com as pernas, buscar
tudo de tudo, jeito de quem não tem objetivo certo e agarra o que vê pela
frente, avança no semestral de comer num dia a ração do mês inteiro. Isso de olhar
de longe e já gritar que é dono. O impacto dos capitalistas agressivos de
registrar as riquezas do subsolo sem nem conhecer onde fica aquele chão de
todos.
Nos tempos dagora, há
tais instintos avassaladores parecidos os mesmos antigos bárbaros da Grécia e
de Roma, que adoravam dezenas de figuras imaginárias a título de garantia das benesses
dos deuses amigos seus. Cada fenômeno da natureza correspondia a um deus
particular. Havia como que ausência absoluta de integração das variáveis feições
do grande todo universal, aceitos adiante, na civilização posterior, sob o
aspecto do monoteísmo, fator de aprimoramento das visões espirituais dispersas
em quantos fragmentos espalhados pelos templos.
Mas os séculos
transcorreram céleres. Novos costumes e novas tradições viraram moda.
Interpretações da filosofia impuseram atitudes ao pensamento difuso e criaram a
concentração das forças vivas num só desejo de Verdade.
No entanto mudaram de
novo e quase esqueceram o sentido das experiências do passado. Voltaram a
repartir as definições da visão de mundo, e os deuses regressaram mais fortes
ao panteão da vez atual.
Resultado: aonde se
vira, um deus sacode sua bandeira de variadas cores. Os adoradores de Baco, deus
do vinho, farreiam pelas calçadas de bacanais eletrônicas ensurdecedoras. Ali,
os seguidores de Cupido gastam horas desfrutando os prazeres das noites improvisadas dos reality
shows nas telas de televisão. Marte sacode paredes e destroem lares de
reinos conquistados no Oriente, expulsando populações inteiras aos acampamentos
do deserto. Filhos de Hefesto seguem alucinados a produzir armamentos forjados em
vil metal, alimentando os apóstolos de Tanatos, deus da morte e suas legiões
implacáveis.
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