segunda-feira, 7 de novembro de 2022

Nosso bairro


Isso de escrever possui natureza própria. A gente é levado a, invés de apenas querer fazer o que seja. Um exemplo aconteceu hoje, quando algumas lembranças insistiram de vir à tona e oferece motivos até a minha vontade de senão obedecer ao impulso de escrevê-las. São presenças dos que habitavam lá o Bairro Pinto Madeira, décadas de 50 e 60, tempo de chegar a Crato com minha família. Fomos morar numa casa ampla, construída por Seu Pergentino Silva, que ficava logo ao lado de uma serraria iniciada por meu pai e Tio Quinco, um dos irmãos de minha mãe e meu padrinho de batismo. Ali vivemos em torno de uma década, indo depois residir no mesmo quarteirão, na esquina da Rua Vicente Tavares Bezerra e Rua São Francisco, numa casa que meu pai construiu.

Vieram à memória, com nitidez, os principais jovens daquele tempo. Everardo, meu irmão mais velho; Jorge Ney, um primo que viveu conosco uma fase; Francisco José (Chico); Aglézio; Roberto (Beto); Junival; Flávio (Tota); Francisco Antônio (Chico Antônio); Assis Brito; Valdir Filho (Fela); Aroldo; Jaime; Lindolfo; e José Roberto (Zé Roberto). Algo assim qual fôssemos uma só família; no avistávamos constantemente.

Defronte da minha casa havia um espaço debaixo de nove mangueira, em que sempre nos encontrávamos para jogar bola, conversar, chupar manga, jogar triângulo, pião, bila, festa de congraçamento constante, troca de opiniões e às vezes desentendimentos; ali sabíamos dos filmes, das notícias, das políticas; nunca virava monotonia aquilo tudo. Nos inícios, dada a energia de pouca potência que alumiava a cidade, vinda de uma subestação construída por Alexandre Arraes no Rio Batateiras, instalações hoje abandonadas (no distrito do Lameiro, na Nascente). As lâmpadas eram apenas tochas a marcar pelos postes o sentido das ruas, isto até nove da noite, quando ficava tudo no escuro. As noitadas, quando nos reuníamos na calçada do Abrigo, na Rua Padre Ibiapina, foram memoráveis, à luz da Lua e das estrelas.

Tenho comigo que todos esses que usufruíram daquele tempo abençoado guardam fielmente as felizes vivências que marcaram de alegrias nossa adolescência, deixando as melhores saudades de que possamos usufruir hoje em dia onde estejamos.

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