quinta-feira, 7 de julho de 2022

A força da linguagem


Bem isto de saber que viver dói, porque não sei dizer por que dói um doer que vem de dentro e nunca permite dizer, escorre pelos dedos, vai ao texto, vai ao chão, e não voltará jamais. Um impulso talvez incompleto e vão de sair na ansiedade/angústia de encontrar consigo na tão sonhada paz que mora mesmo é ali dentro de onde nunca deveria ter saído, a fim de descobrir a si mesmo pelas malhas da confissão, pois já habitava o espelho que lhe despe o interior e revela toda constrição original da existência. Ela assim a linguagem, essa força descomunal que jorra desde o princípio de estar com Deus, que era Deus, e sempre será. O poder universal da consciência que Ele decidiu partilhar com sua inteira Criação através da linguagem, beleza de tudo quanto existe e existirá durante todo o sempre.

Nesta noite participei, no Salão de Atos da URCA, do lançamento do livro 72, da poetisa Cláudia Rejanne, quando comungamos da grandeza viva da linguagem poética através da fala e dos poemas de autores presentes, em um sarau de rara inspiração. Os poemas de Cláudia Rejanne tiveram nisso brilho próprio, síntese, e que me tocam o coração, a exemplo deste:

O tonel das Danaides (algo me falta / nada do que faço me basta / mas quando tenho o que me falta / quase nada mais me falta / e quase nada mais me basta).

Nisto, nessa ocasião, dia 07 de julho de 2022, venho registrar a satisfação de ver de perto a força de quantos se dedicam ao zelo de marinar a linguagem na face deste mundo de tantos mistérios, à busca da luz, no fluir das gerações. Criaturas que viajam em si pelas malhas da presença em um mundo que precisamos completar unir as parte que nós somos em forma de resistência em desvendar o frêmito da visão; revelar esse eu perpétuo que Deus nos pôs a braços, na firme certeza de ser este o meio que transformará palavras na realização plena daquilo que tanto procuramos no decorrer de todo tempo..

Um comentário:

  1. "O tonel das Danaides (algo me falta / nada do que faço me basta / mas quando tenho o que me falta / quase nada mais me falta / e quase nada mais me basta)." Excelente reflexão, é bem assim, nunca estamos completos em nossas realizações , aquisições , materiais ou não . Em tudo isto uma grande dose de vaidade humane rege as pessoas. Parabéns!💫💫💫💫💫
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